ENCONTRE-ME SE PUDER

EPISÓDIO # 209

PRÓLOGO (trechos dos episódios anteriores)

Metoo – Muitas coisas aconteceram... Os novos poderes... Dona Lurdinha se foi... Karina...
Metoo – Quem é... você?
Tás – Eu sou seu novo guia... Preciso da sua ajuda... Não posso revelar meu nome e aparência porque apagaram essas memórias...
Metoo – Karina pode se teleportar, Cammelo possui habilidades com a mente...
Tás – Precisamos... Encontrar alguém que tenha os mesmos poderes que você...
Metoo – Cammelo?... Vilão...?
Tás – Ele não é exatamente o nosso vilão... Ele está sendo manipulado...
Metoo – Escuta Ka. Quando tudo isso, eu juro para você que... Nada vai perturbar a gente.
Karina – Mit, aonde você vai?
Metoo - ... O plano estava começando... Eu teria que ter muita fé para continuar... Porque eu estava... Envolvendo a turma toda... Contei sobre os poderes... Não quis esperar as considerações do Tás... Olhem, isso pode ser muito perigoso...
Cammelo – Sabe o que acontece quando as pessoas sabem... Metoo... Elas morrem...
Metoo - Está pronta...
Karina - Sim...

VINTE MINUTOS APÓS A REUNIÃO REVELADORA...

Parecia que eu ia congelar. Meus pulmões, de longe, conseguiam registrar alguma passagem de ar, e a pressão dentro da minha cabeça durou a eternidade. Como um passe de mágica, estávamos parados no centro do parque Aurora, entretanto a inércia pesou por segundos em nossas articulações. Só ao fim de um tempo pudemos finalmente nos estabilizar. Minha visão ainda turva, foi definindo formas e eixos. Essa era a sensação de ser teleportado com a Karina? Era boa, até. Mas meu estômago se mostrou irreversivelmente fraco e acabei vomitando... Droga! Bem na frente dela?

- Mit, você está bem?
- Estou sim, pode... pode ficar tranqüila – Respondi enquanto procurava algum trapo para limpar a boca.
- Eu não me importo, mas eu nunca tive reação nesse tempo que usei esses poderes... Quer o walktalk?
- Quero sim... Obrigado. – Peguei-o – Tatiana, está me escutando? Aqui é o Metoo, tudo bem por aí?
- Oi Met, aqui é a Tatiana, por enquanto está tudo nos conformes... vem cá, a gente não pode dar um nome para essa operação? Tipo... Tropa de choque?
- Não, sem criar expectativas demasiadas, por favor. Isso é sério! Como estão os dispositivos? – Perguntei.
- Logicamente estão em perfeitas condições! Eu fiz questão de que os aparelhos tivessem um alcance considerável, eles abrangem nesse momento um raio de aproximadamente 100 metros de distância graças ao bluetooth integrado, que além de nos permitir esse alcance, nos deixa em contato simultâneo com todas as pessoas que estão com os walktalk, por causa de sua transmissão via rádio. Logo não precisaremos nos preocupar com barreiras físicas. Estão todos ouvindo nossa conversa...

Tatiana foi cortada por “ois” e “olás” dos outros membros do grupo.

- Entendeu? – Ironizou Tatiana. – Vale lembrar que estamos com vinte pares desses aparelhos, incluindo o que está com você, Metoo. Em hipótese alguma esses dispositivos podem ser danificados, se não perderemos contato imediato com qualquer um. Lembre-se, isso é para todos, esses bluetooth são de classe 1, muito caro, portanto cuidado!
- Muito bem, obrigado. Vou desligar por agora. Se houver algo, entrem em contato, tá? – Disse, desligando temporariamente o meu Walk.
- O que vamos fazer agora? – Me perguntou Karina.
- Temos que garantir que todos estejam dentro do raio estipulado e... esperar.
- E enquanto aquele detalhe que conversamos?
- Eu expliquei para o pessoal, sei que é muito difícil, que estamos todos correndo riscos, as palavras do Cammelo foram diretas. – Comentei.
- Você está disposto a correr esse risco? E se o que ele falou for verdade?
- Karina, eu sei! Mas o tipo de poder do Cammelo não atinge fisicamente as pessoas, a primeira impressão é que você está vivendo tudo aquilo, mas é só ilusão...
- Mas Mit – Insistiu Ka – E como você explica o fato de apagar memórias? Tem mais coisa por aí. Uma pressão mental pode virar sintomas físicos, isso é cientificamente provado... Se encontrarmos com ele, se conseguirmos localizá-lo como vamos enfrentá-lo?
- Vamos conseguir Ka, eu prometi.
- Metoo, eu fico preocupada. Não quero que isso tudo termine em tristeza. Que você não consiga ajudar todos.
- É por isso que peço a sua ajuda. Seu poder vai fazer com que alcancemos nossos objetivos. Eu confio na gente, como nunca!

Resolvi ligar o walk e ter uma geral com todos, confirmar posições e deixar claro, novamente, os riscos que todos corremos. Eu estava nervoso, porque nada seria tão pesado como assegurar que todos saíssem dessa. Não seria como o acidente de carro, não mais. Eu tenho certeza, que todos ficarão bem. Bastava rezar. Fé.

- ... Estão todos cientes, certo? A partir de agora todos estaremos em contato simultâneo até última ordem. Qualquer coisa, falem comigo e a Karina e eu apareceremos.

Uma hora depois a Bia entrou em contato...

- Metoo, até agora não notamos nada de errado, você acha que devemos ficar por mais quanto tempo?
- Oi Bia, por favor, vamos ter paciência. Na escola por contar apenas para algumas pessoas, ele agiu praticamente na hora, para apagar a mente de quem descobriu, acredito que ele já esteja próximo. Ele não iria simplesmente deixar todos nós, salvo os que tem poderes, descobrirem e não fazer nada. Ele vai aparecer.

- Metoo, aqui é o Beto, eu não estou conseguindo falar com a Alexandra...
- Alexandra, você está me escutando?? – Chamei – Alexandra?
- Eu insisti também, Metoo, mas ela não responde.

Logo um murmúrio começou pelos walktalks.

- Ka, vamos lá. – Disse com determinação, pegando as fotos. – A Alexandra está por aqui, na número cinco.

Mal mostrei a foto e fomos tomados por um turbilhão de pressão, enquanto o cenário visto na foto se formava na nossa frente como um quadro de em aquarela, até tomar suas formas verdadeiras. E lá estava a Alexandra, caída no chão, desacordada. Comuniquei a todos:

- Pessoal, estou com a Alexandra, ela está bem mas está desacordada, provavelmente não vai se lembrar de nada quando acordar, o que significa que começou. Fiquem em constante contato, não deixem de verificar se todos se lembram do que contei, entenderam?
Sim, nós entendemos... Pode ficar tranqüilo.
Pode ficar tranqüilo
Minha filha! eu vou ver a minha filha...
Calma Sônia, ela está bem, só desmaiou...
Enquanto o pessoal conversava uns com os outros, tratei de acordar a Alexandra. Ela estava confusa.
... Eu estou bem, você ainda se lembra? Os poderes...
- Met, o que aconteceu... Ai meu Deus! Eu lembrei... Como estão os outros?
- Então você não perdeu a memória? – perguntei confuso.
- Não, e pior! Ele queria que eu realmente lembrasse de um recado...
- Que recado? – Perguntou Karina ansiosa.
... Beto, é a Ana, está tudo bem por aí? Você escutou o Metoo?
“Ele”?
... Oi Ana, eu escutei sim, a Alexandra está bem...
- Ele disse que você está adiantado, para voltar quatro casas... Ele era assustador, era como uma sombra, muito assustador.
... Alexandra, aqui é a Bia, você está melhor?... Que alívio...
Volte quatro casas?... A foto número um!!! Minha mãe está lá!!! Karina e eu nos teleportamos, novamente o turbilhão e as cores. Minha mãe estava diante de nós, mas ao contrário de Alexandra, estava de pé e acordada.
...Aqui é a Alexandra, mãe, pai, eu estou bem, Bia o Met foi...
- Mãe, a senhora está bem?! – Corri em sua direção.
- Mãe? Que mãe? Esse pacote está vazio no momento.
- Quem é você?!
... O que aconteceu, quem você viu?...
...ai meu Pai, isso tudo é real...
Ficamos completamente pasmos. Alguma coisa estava de posse do corpo da minha mãe. Seus olhos estavam obscuros, com um brilho que jamais vi antes.
...Met, tá na escuta?...
- Oi Metoo, finalmente nos encontramos pessoalmente... quero dizer, não com meu corpo de verdade...
- Saia, do corpo da minha mãe!!!! – Gritei furioso.
- E eu vou sair... mas quando isso acontecer... ELA ESTARÁ ACABADA!!!
- NÃÃÃÃÃOOO!!!!
... Metoo, ESTÁ ESCUTANDO??!
A criatura saiu do corpo da minha mãe como a fumaça sai de uma panela de pressão. Seu corpo despencou, desacordada no chão. A fumaça com um leve aspecto humano pairava no ar observando...
... Por que o Beto está gritando...
- Pegue-me se puder... muitos corpos estão à minha disposição por aqui... eu devo apagar suas memórias ou matá-las? – Disse a fumaça pouco antes de partir velozmente na direção norte. Virei-me para minha mãe, ela respirava. Eu não podia deixá-la sozinha, mas agora qualquer um poderia ser vítima... droga! O que eu faço? Não posso pedir para a Karina ficar de olho nela, porque não poderíamos assim chegar até os outros.
... Ana, filha, é seu pai, onde você está?!
- Me perdoe, mãe...
... Pai, tudo bem... O que é aquilo?...
De turbilhão em turbilhão nos teleportamos para verificar se estavam todos bem. Não estavam. Do 39 ao 16 mal paramos... Foi quando escutei o grito de Ana...

CONTINUA...