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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

AFINAL

#3.09 – AFINAL


 
UM DIA DEPOIS DO ÚLTIMO CAPÍTULO...

“Só acho que devemos agir o mais rápido possível...”.

“Você sabe que devemos seguir as ordens dele, não sabe?”.

“.........”

“Vou levar isso como um sim”.

“Quanto tempo faz... Um mês?”.

“Eu já estou cuidando disso, não se preocupe”.

“Mas e quanto ao seu...”.

“Não ouse!!!”

“Só quero dizer que ele também está desfocado”.

“Você está completamente enganado... É por isso que nós estamos por aqui e não você”.

“.........”

“Estou com tudo sob controle...”.

“Mas o Macaia está por vir. Ele não é qualquer um...”.

“Querido, eu estou pouco me lixando para ele... Eu me viro”.

“Você tem um plano?... Esquece, pergunta imbecil essa minha”.

“Já que você já entendeu, eu tenho que ir”.

“Só mais uma coisa... Você vai matá-lo?”.

“.........”

- Som de aparelho telefônico desligando –

CASA DO METOO – 5:40 a.M

“Macaia está chegando” Quem será Macaia?

Minha cabeça está dando voltas. O motivo: novamente acordei de súbito, pensando em coisas que eu nunca sei ou me lembro de imediato. Sono. Muito sono. Detesto o horário da escola... Detesto o Primeiro período... Eu detesto ter que acordar de manhã... De novo.

Mal consegui me livrar do trezentos e trinta e seis cobertores que uso pra dormir. Tava tão quentinho lá debaixo.
Minha cara inchada não disfarçava muito bem, olhando pelo espelho do banheiro, meus olhos mal abriam – like a zombie – parecia um zumbi ou sonâmbulo. Peraí! O que é isso?! Barba? Desde quando eu tenho barba?

- Hã? Já está de pé? – Disse minha mãe, passando próxima a porta entreaberta. – Não esquece de colocar as calças.

Epa! Eu tava só de samba-canção.

- Mãe! – Tentei colocar um ar de indignação. Mas parecia mais um bocejo.

Patético. Preciso de uma ducha, uma boa ducha e eu me recupero, com certeza!

*

Ah! O banho estava tão bom, mas eu tinha que sair, não podia enrolar mais nem dois minutinhos. Sempre que fazia isso acabava passando de meia hora no Box.

Maldição! Por que esse cabelo está dando tanto trabalho para pentear?

*

6:47 a.M

Correr para o colégio. Levar materiais. Levar a coragem também. Acho que um mês em coma deixa a gente meio retardado pelo visto.

- Acho que um mês em coma deixa a gente meio retardado, você não acha? – Perguntei ao Cam, já na sala de aula.
- Eu sei lá! Nunca fiquei em coma... – Disse Cam, na lata.

Respirei fundo. Suspirei.

- Oh, Cam?
- Que foi? – Disse ele meio impaciente.
- Por que é que estão todos me encarando desse jeito?
- E eu sei lá.
- Eu vim pra aula, no Segundo período, ontem. Acho que o pessoal já deveria ter notado que eu voltei, acordei do coma.

O Cam parou de redigir seu texto e me encarou breve, mas profundamente. Depois tomou sua atividade novamente.

- Você, por acaso, não notou alguma diferença, tipo assim, em você mesmo?
- Diferença? Eu não!
- Péra lá! Nenhuma mesmo – Disse Cam, espantado.

Dei de ombros. Não tinha entendido nada. Até que o Beto levantou do lugar e veio próximo da gente.

- Ei pessoas, o que acontece por aqui?
- Eu não sei – Disse.
- Beto... – Começou Cam, mas mudou de idéia. – Met, você se olhou no espelho hoje?
- Claro que sim! Eu escovei os dentes.
- Pois bem... (Dê-me paciência) Você viu essa barba...
- Ah! Esses pelinhos? Não são nada, tem bem pouquinho.
- E o seu cabelo? – Continuou Cam.
- O quê que tem o meu cabelo?
- O quê que tem Cam? – Perguntou Beto, também.
- Seu cabelo cresceu Met, tá quase parecendo um roqueiro meia-boca!
- Vai ver foi por isso que estava difícil de pentear como antes.
- Claro! Nesse tempo todo em que você ficou dormindo, deve ter crescido. – Complementou Beto, alegremente.
- É por isso que as pessoas estão te encarando. Você está bem diferente.
- Tem certeza? – Perguntei.

Foi a pior decisão que eu pude tomar. Cam me encarou tão friamente que até a espinha do meu filho, no futuro, ficou congelada.

- Tá, tá, já entendi. – Falei baixinho. – Seu poder... Mentes ao redor, saquei.
- Que bom! – Disse ele.

*

Mais tarde. Como eu já esperava, o trio-parada-dura veio me abordar.

- Oi Mit, tudo certo – Disse Alexandra.
- To bem, sim.
- Você está... Diferente – Falou Bia.
- Rá. É o cabelo, né? Já me disseram isso.
- Você está mais ridículo do que antes – Tatiana disse, debochando.
- É Mit, vê se corta – Pediu Bia.

O que é que elas tem a ver com o meu corte de cabelo? Me diz!

- Pode deixar, meninas, depois eu cuido disso. – Disse, meio sem graça. Mas só para não deixar ninguém no vaco.

- Ah, garotas! – De repente me veio isso à cabeça, antes que elas saíssem. – Vocês tem falado... com... Falado com a Ana?

Elas fizeram uma mescla de expressões que não pude decifrar.

- Ela nos abandonou, Mit. É só. – Resolveu responder Tatiana.
- É... Ela não quer ser mais nossa amiga. Aquela...
- Você quer dizer vaca? – Perguntou Tatiana.

Eu estava meio pasmo. Nunca pensei que ouviria uma coisa dessa por parte dessas três.

- Vocês eram super amigas, não eram? Por que tanta rebeldia?
- Não importa mais. – Falou a Tati.
- Ei, Mit... E esse lance de entrar em coma? Como foi que isso aconteceu? – Perguntou a latente curiosidade de Bia.
- Ah, isso... Foi um acidente e tals...
- Eu ouvi dizer que você tinha despencado da escada da sua casa, isso é sério? – Foi a vez de Alexandra.
- Quem te disse isso? – Quis saber.
- Ah, sei lá, disseram por aí.
- Então, você pode contar o que aconteceu? Tá, tipo assim, todo mundo curioso. – Comentou Bia.
- Gente... Não foi nada tão grave, eu só bati... a cabeça... acho...

Ai. Cadê você agora, Cam. Se você tiver por perto lendo esses pensamentos, vê se aparece e me tira dessa!

- Então... Er... Vocês nem contaram direito a história da Ana e vocês. Como foi mesmo que vocês pararam de se falar, mesmo? – Tentei insistir para o outro lado.
- Longa história, Mitius – Disse Alexandra.
- Depois de tudo o que fizemos – Comentou bem baixinho Bia.
- Vamos indo nessa, né? – Chamou Tatiana. Ainda bem, a situação já estava ficando bem chata.

O que mais me incomodava não era nem o fato delas quererem evitar o assunto da Ana ou mesmo entrar nos meus assuntos, e sim, aquela garota nova, a Bianca, rindo de tudo ao longe. O que ela estava pensando?

Foi só pensar nisso e ela resolveu vir para cá, após a saída das garotas. Bianca, garota estranha. Muito bonita, mas estranha, como diria o Beto.

- Oi Metoo! – Disse numa voz angelicalmente assustadora.
- Oi... Bianca, certo? – Fingi que não sabia seu nome, só pra ver como ela reagia.
- Fala sério, Metoo, eu sei que você sabe meu nome. Mas tudo bem, afinal...

Ela parou um tempo para respirar e se recompor.

- Afinal...? – Quis saber.
- Não fomos apresentados formalmente. Bianca De Mitre Lewandoski, sua nova colega de classe.
- Prazer. Metoo.
- Rsrsrs. Você não tem sobrenome?
- Tenho sim, mas não vem ao caso.

Nesse momento ela, cruzou as pernas usando aquele vestidinho revelador. Não pude deixar de notar. Depois apoiou o rosto com a mão. No contexto geral, estava muito fofa daquele jeito.

- Você é tão ríspido assim com as garotas?
- Quê? Não! Claro que não... Foi sem querer.
- Relaxa... Estou só enchendo o saco. Algo que muito em breve, você deverá se acostumar.

!!!

- Do que você está falando? – Fiquei confuso. Confesso que um gelo tomou conta do meu estômago. Ela, então, se aproximou demasiadamente do meu rosto, cochichando.

- Eu não sou burra, Metoo, eu sei de muita coisa sobre você.
- Eu não sei do que você está falando – Disse, relativamente irritado.
- Sei, por exemplo dos seus poderes, dos motivos reais que o levaram a ficar inativo... Sei também que seu nome não é Metoo...

Impossível. Co-como é que ela sabe de tanta coisa? Será que...?

- Espantado? Que coisa... Acho que eu disse alguma coisa que o surpreendeu. Pode ficar tranqüilo, eu não vou sair por aí espalhando isso pra ninguém... O nosso trabalho fica fácil quando poucas pessoas nos percebem.

O olhar de Bianca, outrora angelical, tinha se transformado em algo muito malicioso em todos os sentidos da palavra. Ela parecia querer me engolir.

- Você ainda não está acreditando em mim? Quer que eu fale qual é o seu nome de verdade? Não... Deixa isso para uma outra ocasião...
- Ah tá! E do que adianta saber dessas coisas?
- Adianta muita coisa.
- E o que você estava querendo dizer com “nosso trabalho”? – Insisti.
- Não é o momento para questionamentos idiotas. Vim por outro motivo.
- Então o que é que você quer? – Meu tom declarava meu nervosismo e irritação latentes.
- Eu estou de olho em você, Mit. – Disse meu apelido com um falso ar de carinho. – Entretanto meu principal objetivo, agora, é passar um recado importante.
- Que recado?
- É o seguinte: Macaia está vindo. Ele está nervoso e vem com tudo. Vocês podem achar que ele está do lado de vocês, mas não está. Portanto, tome muito cuidado.

Macaia?!! Mas era o mesmo nome que eu escutei nos meus últimos sonhos. Macaia está vindo. Mas o que isso significa? Quem é Macaia e por que está querendo brigar com a gente? Meu coração parecia que não batia mais. Suava frio.

Bianca levantou-se, ajeitou o vestido curto – e sexy – de jeans, e acenando graciosamente e sorrindo – angelicalmente – despediu-se de mim. Foi uma cena muito estranha...

- Tanto quanto angelical, ela parecia muito feroz, selvagem, vil, sei lá! – Disse para o Cam, no celular.
- Ela? Tem certeza? Mas isso é muito estranho, por que eu não captei nada, então?
- Não sei... Vai ver, ela tem algum tipo de habilidade paranormal, como a gente.
- Pode ser...
- Ei, Cam, onde você foi, que eu não te encontrei no final da aula? – Perguntei.
- Eu precisei resolver uma emergência fora da escola... Olha, eu vou precisar desligar, tudo bem?
- Mas, Cam!
- Depois a gente se fala!

Droga! Que coisa chata. Eu mal voltei daquele bendito sono auto-induzido e já me apareceram novos problemas. Essa tal de Bianca é mais assustadora do que eu pensava. O Cam está dando uma de misterioso ocupado, o Beto tá na pseudo-deprê dele, o que mais falta acontecer? Putz, eu me esqueço que essas frases podem ser fatais!

*

Aproveitando o intervalo do Primeiro para o Segundo período resolvi ir para casa almoçar. Andei poucos minutos. Encontrei minha chave no bolso lateral da mochila, muito útil, diga-se de passagem. E qual não foi minha surpresa quando, ao entrar na sala, lá estavam minha mãe e... um cara... bebendo café, enquanto assistiam TV.

Ao me ver minha mãe fez uma careta de espanto – bem rápida – e tratou de tirar a xícara de café das mãos do ilustre desconhecido. Que, aparentemente, não entendia muito bem a situação em que estava metido.

- Vou pegar mais um pouquinho de café para você – Disse minha mãe, de boa, indo pra cozinha.

O “cara” levantou-se, limpou as mãos nas laterais da calça social bem arranjada e esticou a mão para me cumprimentar.

- Metoo, não é? – Disse ele com uma voz levemente rouca, porém jovem. Devia ter uns 35, talvez menos.
- Sim... E... Você é?
- Opa! Meu nome é Carlos, sou do trabalho da sua mãe, ela já deve ter comentado de mim...
- E o que você faz?
- Metoo! Não seja mal educado com o Carlos. – Disse minha mãe voltando da cozinha, com duas xícaras de café – uma para mim, provavelmente.
- Eu sou coordenador de área. Sou responsável pelos setores de criação, onde sua mãe trabalha, entrei faz pouco tempo na empresa.
- Acho que menos de um mês. – Complementou, minha mãe.

Um mês dormindo, direto, faz toda a diferença pelo visto. Meu mundo já não parece ser o mesmo de antes. Espero que esse cara não esteja dando uns amassos com a minha mãe. De qualquer forma o clima já estava muito estranho mesmo...

Foi quando meu celular tocou.

CONTINUA...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

COM VOCÊ

#3.08 – COM VOCÊ – Escrito por GABRIEL MELO, revisado por Arthur Ferreira


 
1 MÊS DEPOIS...

Ando me perdendo nos meus pensamentos... Cara, tá osso! Sei lá se isso é por causa do pouco tempo com esses super poderes ou... Só sei que não é moleza descobrir que tem habilidades diferentes, que pode ver os fantasmas por aí, como o Met...

O pior é que nessa situação de poder ver quem está correndo perigo, quem acaba se ferrando é a gente! Já nos ferramos de verde e amarelo. Eu, principalmente...

Guardar segredo dessa Po*** já me fez perder a Ana... To bravo, admito sim, mas não foi culpa de ninguém. Ela podia entender um pouco o nosso lado... Pu** merda! Falei palavrão.

*

Agora estou aqui na quadra, o “Robertão”, nosso treinador já ralhou comigo, acho que umas três vezes. A primeira porque cheguei atrasado, a segunda porque to esquecendo os passes e não fiz nenhuma cesta, por enquanto... To na maior brisa aqui... Pô! Da outra vez que eu enrolei para fazer essas paradas de poderes, um carinha aí morreu, que droga. Mó culpado eu fui... acho...

- oh, Betão! – Gritou Gustavo – Presta atenção aê, meu. Logo chega o campeonato inter-classe e nós vamos ser sapecados!
- Foi mal, foi mal... Vamos lá, galera...

O Alex, não falava nada. Olhava para mim e nem sequer disfarçava o olhar. Pior é que todo mundo do jogo sabe: se o capitão do time olha para você, mano... tu tá ferrado, pra não falar outra coisa... Ele nem fala nada, só vai observando.

Parou, parou, parou! – Falou o treinador, vindo na direção do time. – Já é onze e cinqüenta... vão logo se trocar. Hoje o time tava mal, mal mesmo! Pablo, você tem que melhorar os lance, se não acertar de primeira, o outro time vai levando vantagem, caramba! Gustavo, ao invés de ficar chamando a atenção dos colegas, se preocupa com seus dribles... Beto, fica de olho, se o Alex não te tirar do time, eu tiro... não está bem, fica em casa... – Ele parou e pensou – Vai filho, recupera o ânimo aí.

*

Depois da “linda” que tomei do Robertão, fui quase instintivamente pegar meu celular, na mochila. Nada. Nenhuma mensagem da Ana... Nem uma fofinha, como ela costumava mandar, depois dos treinos...

CARA***!!! Eu vou é esquecer a Ana. Ela também não está nem aí. Anda tão distante que nem as próprias amigas sabem direito dela, e também, tem aquela outra lá... mó saco.

*

Eu ainda estava caidão pela Ana, mesmo depois de tudo o que falei, tudo o que pensei. E olha que eu nem penso muito nas coisas... Mas não tinha tempo pra isso não. Tinha uma missão pra agora de tarde.

*

- Fala, Beto! – Disse Met, abrindo a porta para eu entrar.
- Fala Met, tudo beleza? – Disse também.

Todos os dias, a tarde, o Met, o Cam e eu nos reuníamos antes do Segundo Período da escola, para trocarmos idéias. Estávamos tentando nos concentrar na busca de pistas do paradeiro do Rafael e da Karina.

- Você conseguiu descobrir alguma coisa por aí? – Me perguntou Cam.
- Nada, veio... Eu to meio desligado...
- Saquei – Disse Met, meio desconcertado.
- Acho que todos nós estamos assim – Disse Cam. – O Metoo, voltou a si, faz pouco tempo e o Beto tá perdendo a linha por causa de uma garota de cabelos cumpridos...
- É, é, é, engraçadinho... Desde que a Ana terminou comigo e começou a trabalhar...
- A Ana está trabalhando? – Interrompeu Met, confuso.
- É. – Disse Cam – Já vai fazer um mês. Ela começou um curso de Assistente Administrativo, lá pelo centro e está cumprindo estágio agora.
- E porquê ela não falou nada para a gente? – Met indignou-se.

O Met parecia mais indignado do que eu.

- Vai lá saber. Eu sei porque estou fazendo o mesmo curso. – Disse Cam.
- Sério? – Met perguntou.
- Claro! Você acha que mudar a realidade e apagar mentes vai me dar dinheiro?
- Acho – Disse Met e eu juntos.
- Lembrem vocês, que eu não sou o vilão... Mais... Quer dizer, nem fui mesmo.

O Cam era engraçado. Mas até onde sabemos a família dele é bem estável economicamente falando. Outras informações são um mistério... kkkkk.

- Falando, agora, da escola... Met, você vai voltar amanhã, né? – Perguntei.
- Vou sim, to ansioso. Vai ser legal, mas to preocupado.
- Com o quê?
- Ah, não sei. Talvez com o que o pessoal vai achar... “O garoto em coma, volta para a escola”.
- Liga para isso, não. – Disse Cam.
- Bobagem, Met.
- Graças a vocês, agora só faltam os trabalhos de reposição de faltas. Vou correr atrás disso.
- Que isso, não precisa agradecer, ce sabe que tem uns brother firmeza, aqui! – Falei de boa.

*

Saí da casa do Metoo, já era meio dia. Tinha ainda quase uma hora antes de iniciar o Segundo Período. Consegui com MUITO esforço arrancar do Cam o endereço exato do curso que eles estavam fazendo... Assistente de sei lá das quantas!

Tive durante a manhã, nos treinos, alguns pressentimentos relacionados a ela. Então eu vou lá resolver a parada.

*

Quando cheguei na TeraByte Corp, logo de cara, dei com a Ana. Estava na recepção atendendo um telefonema.

- Sim, o senhor gostaria de remarcar? Para Sexta a Tarde... Temos o horário das 13:00 as 15:00 e das 15:00 as 17:00, qual o senhor prefere? Perfeito, senhor, seu horário foi agendado para a próxima Sexta, então. Até lá, bom trabalho, tchau.

Ela ficava muito diferente de secretária, com todos aqueles trecos, maquiagem, coque, uniforme. Mas sempre bonita. Igual a todas as outras daqui, mas diferente dela mesma... Acho que estou passando muito tempo com o Cam e o Met.

- Beto? – Disse Ana, branca feito fantasma. – Você veio fazer um curso?
- Oi Ana... Porquê você não falou que estava trabalhando?
- Esse não é um bom momento. Por favor, volta outra hora.
- Seu horário de almoço?
- Não sei. Deixe eu atender os outros alunos, está bem?

Antes que eu pudesse reclamar, o telefone tocou mais uma vez. Ela atendeu como se nada tivesse acontecido. Como se eu não tivesse ali.

*

Saí bravo, mas nervosásso de lá. Merda, veio... Aposto que aquele telefonema nem era nada de tão importante. Deixa pra lá.

De qualquer forma, eu tava sentindo que alguma coisa ia acontecer por ali. Naquele prédio. Só não tinha certeza quando. Tentei me concentrar, fechei os olhos e fiquei, como um idiota, no meio da rua. Nem sei o que as pessoas da rua tavam pensando...

Eu sentia algo em relação a Ana, mas não era ela que estava no perigo. Outra pessoa estava tão triste lá dentro.

*

Esperei... Esperei... Olhei no relógio, cinco pra uma da tarde. Cacete, vou me atrasar legal.

Uma moça, vestida como a Ana, saiu do prédio. Ela parecia bem normal a princípio. Mas quando eu me concentrei de verdade... Cara***, que coisa louca.

Tinha um espectro, muito escuro, muito estranho, andando colado com ela, e com a mão apoiada no ombro dela. A coisa virou e olhou pra mim.

Mano! Eu gelei na hora! Era bem diferente dos outros e bem parecido com o disgramento que sumiu com a Karina.

Eu corri atrás da garota. Mas percebendo minha aproximação, ela começou a correr também.

- Ou! OOOOOUU!!! Peraí! – Gritei.

Continuei correndo. Ainda bem que eu sou um atleta! Pois deu a maior canseira alcançar a coisa.

- Vai com calma, gata. – Disse eu – O que está acontecendo?
- Eu estou bem. – disse um pouco agressiva. Mas a maquiagem tava toda borrada como se tivesse chorado pra caramba.
- Pode falar, to aqui pra ajudar... Qual o seu nome?
- Débora...
- Então, Débora... Conta, pode conta, eu vou te escutar...

Meu, nem vi como aconteceu, de repente eu já estava abraçado com ela. No meio da rua. Dizendo que ia dar tudo certo, que ela não deveria ficar tão triste porque o namoro dela acabou, por causa de um filho daquelas, que chutou ela por outra. Ó só que ironia... Eu mó malzasso por causa da Ana, dando apoio pra menina aqui.

Só sei que, quando ela começou a se sentir melhor, o espectro largou dela e desapareceu. Eu mesmo me senti melhor depois disso.

- Você não era o carinha que estava com a Ana, lá do TeraByte? Ai droga, você já é comprometido...

*

Tentei ligar para o Cam e o Met, para explicar o que tinha acabado de acontecer, mas nenhum dos dois atendeu. Só a tia Samanta, que parecia bem estranha e ocupada. Sussa.

*

Depois da correria danada, nem fui pra escola, passei em casa pra tomar banho, trocar – novamente – de roupa e depois sim ir pro colégio. Pelo horário, certeza que o Met e o Cam já foram pra lá.

*

Dito e feito. Cheguei já estava iniciando a aula de Química. Uma horinha depois veio nosso intervalo de dez minutos.

- Ei Beto, o que aconteceu? Porque você só chegou na terceira aula?
- Tive que resolver uma das nossas paradas. – Tomávamos o cuidado para que os outros alunos não escutassem.
- Entendi – Disse Cam.
- Então, mas o que foi? – Met quis saber.

Depois de explicado. Cam começou a falar umas coisa.

- É bem o que nós já sabíamos. Ultimamente as pessoas estão sendo manipuladas por uma porrada de espíritos negros... Como já tinha dito pra gente que ia acontecer...
- E o que vamos fazer? – Perguntei.
- Temos que, primeiro, pensar na gente. Eles dominam as pessoas que mantém sentimentos de tristeza, raiva e medo, excessivamente. Se não ficarmos de olho nisso, não vamos conseguir pará-los.
- Certo. A Débora tinha uma tristeza sem tamanho. Mas será que as outras pessoas não estão sofrendo pelo mesmo motivo? – Quis saber.
- Não, não. Normalmente as pessoas se sentem triste, uma hora ou outra, mas aqueles casos extremos são os que nos preocupam.
- Caraça, véio... Vai ser osso, daqui pra frente.
- É, mas não podemos fraquejar agora. Olha o tanto de gente aqui na escola, que está desprotegida. – Disse Met preocupado.
- Por enquanto a situação da escola tá na boa. – Explicou Cam – Pelo menos não captei nada de anormal, ou muito anormal nesse mês.
- O importante foi descobrir que com um gesto simples, pelo menos um problema foi resolvido.
- É, eu deixei ela soltar o verbo. – Disse.

Faltava bem pouquinho para bater o sinal pra quarta aula. Quando “aquela” pessoa surgiu, com aquele trio.

- O Beto? Quem é essa garota mesmo? – Perguntou Met.
- É a nova “abelha rainha” do trio Tatiana, Alexandra e Bia. A Bianca, do ex-2ºB. – Respondeu Cam.
- Ela tá na nossa sala agora. – Completei.
- Eu sei, só não tinha certeza de quem era...
- É Met, um mês sem vir pra escola é muita coisa.

A Bianca estava chegando perto, quando o sinal bateu. Não gosto dela, ela é muito estranha. Gata, mas estranha.

Quando o sinal bateu, umas 18:17, tanto eu, quanto o Metoo, já tínhamos ajeitado nossos materiais. Saímos, o Cam foi na frente, então aproveitei pra falar a sós com o Met.

- Met, eu liguei pra sua casa, e a tia Samanta tava tão estranha.
- Que horas?
- Era quase uma hora. – Disse.
- Eu já estava aqui na escola, falando com o Israel, para ajeitar meu retorno.
- Parecia que tinha gente lá com ela.
- E deveria, tem um cara do trabalho dela que não sai de lá. Acho que ela pode estar namorando.
- Eita... e você... O que acha disso?
- Estou ignorando no momento... cabeça na Karina, no meu irmão. Eles são minha prioridade no momento...

Met deu uma pausa.

- Ei, a Ana pegou o busão. Quanta pressa. – Disse ele.

Só o Met, mesmo. Eu piraria legal se soubesse que minha mãe tinha trocado meu pai recém-morto, fantasma, guia espiritual, por outro cara. Mas o Met é sussa, é mais paciente com as coisas. Mandem um torpedo pra ele depois: “Mano, estamos com você, se precisar chama a gente que a gente arrebenta!”.

*

Eu e o time, nesse momento, estamos confraternizando. Algo que acontece pouco como time, mais como amigos. Mas o pessoal tá me enchendo por causa do último treino. Perguntando onde eu deixei minha cabeça. Na real, nem eu sei.

CONTINUA NO PRÓXIMO POST.