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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

AFINAL

#3.09 – AFINAL


 
UM DIA DEPOIS DO ÚLTIMO CAPÍTULO...

“Só acho que devemos agir o mais rápido possível...”.

“Você sabe que devemos seguir as ordens dele, não sabe?”.

“.........”

“Vou levar isso como um sim”.

“Quanto tempo faz... Um mês?”.

“Eu já estou cuidando disso, não se preocupe”.

“Mas e quanto ao seu...”.

“Não ouse!!!”

“Só quero dizer que ele também está desfocado”.

“Você está completamente enganado... É por isso que nós estamos por aqui e não você”.

“.........”

“Estou com tudo sob controle...”.

“Mas o Macaia está por vir. Ele não é qualquer um...”.

“Querido, eu estou pouco me lixando para ele... Eu me viro”.

“Você tem um plano?... Esquece, pergunta imbecil essa minha”.

“Já que você já entendeu, eu tenho que ir”.

“Só mais uma coisa... Você vai matá-lo?”.

“.........”

- Som de aparelho telefônico desligando –

CASA DO METOO – 5:40 a.M

“Macaia está chegando” Quem será Macaia?

Minha cabeça está dando voltas. O motivo: novamente acordei de súbito, pensando em coisas que eu nunca sei ou me lembro de imediato. Sono. Muito sono. Detesto o horário da escola... Detesto o Primeiro período... Eu detesto ter que acordar de manhã... De novo.

Mal consegui me livrar do trezentos e trinta e seis cobertores que uso pra dormir. Tava tão quentinho lá debaixo.
Minha cara inchada não disfarçava muito bem, olhando pelo espelho do banheiro, meus olhos mal abriam – like a zombie – parecia um zumbi ou sonâmbulo. Peraí! O que é isso?! Barba? Desde quando eu tenho barba?

- Hã? Já está de pé? – Disse minha mãe, passando próxima a porta entreaberta. – Não esquece de colocar as calças.

Epa! Eu tava só de samba-canção.

- Mãe! – Tentei colocar um ar de indignação. Mas parecia mais um bocejo.

Patético. Preciso de uma ducha, uma boa ducha e eu me recupero, com certeza!

*

Ah! O banho estava tão bom, mas eu tinha que sair, não podia enrolar mais nem dois minutinhos. Sempre que fazia isso acabava passando de meia hora no Box.

Maldição! Por que esse cabelo está dando tanto trabalho para pentear?

*

6:47 a.M

Correr para o colégio. Levar materiais. Levar a coragem também. Acho que um mês em coma deixa a gente meio retardado pelo visto.

- Acho que um mês em coma deixa a gente meio retardado, você não acha? – Perguntei ao Cam, já na sala de aula.
- Eu sei lá! Nunca fiquei em coma... – Disse Cam, na lata.

Respirei fundo. Suspirei.

- Oh, Cam?
- Que foi? – Disse ele meio impaciente.
- Por que é que estão todos me encarando desse jeito?
- E eu sei lá.
- Eu vim pra aula, no Segundo período, ontem. Acho que o pessoal já deveria ter notado que eu voltei, acordei do coma.

O Cam parou de redigir seu texto e me encarou breve, mas profundamente. Depois tomou sua atividade novamente.

- Você, por acaso, não notou alguma diferença, tipo assim, em você mesmo?
- Diferença? Eu não!
- Péra lá! Nenhuma mesmo – Disse Cam, espantado.

Dei de ombros. Não tinha entendido nada. Até que o Beto levantou do lugar e veio próximo da gente.

- Ei pessoas, o que acontece por aqui?
- Eu não sei – Disse.
- Beto... – Começou Cam, mas mudou de idéia. – Met, você se olhou no espelho hoje?
- Claro que sim! Eu escovei os dentes.
- Pois bem... (Dê-me paciência) Você viu essa barba...
- Ah! Esses pelinhos? Não são nada, tem bem pouquinho.
- E o seu cabelo? – Continuou Cam.
- O quê que tem o meu cabelo?
- O quê que tem Cam? – Perguntou Beto, também.
- Seu cabelo cresceu Met, tá quase parecendo um roqueiro meia-boca!
- Vai ver foi por isso que estava difícil de pentear como antes.
- Claro! Nesse tempo todo em que você ficou dormindo, deve ter crescido. – Complementou Beto, alegremente.
- É por isso que as pessoas estão te encarando. Você está bem diferente.
- Tem certeza? – Perguntei.

Foi a pior decisão que eu pude tomar. Cam me encarou tão friamente que até a espinha do meu filho, no futuro, ficou congelada.

- Tá, tá, já entendi. – Falei baixinho. – Seu poder... Mentes ao redor, saquei.
- Que bom! – Disse ele.

*

Mais tarde. Como eu já esperava, o trio-parada-dura veio me abordar.

- Oi Mit, tudo certo – Disse Alexandra.
- To bem, sim.
- Você está... Diferente – Falou Bia.
- Rá. É o cabelo, né? Já me disseram isso.
- Você está mais ridículo do que antes – Tatiana disse, debochando.
- É Mit, vê se corta – Pediu Bia.

O que é que elas tem a ver com o meu corte de cabelo? Me diz!

- Pode deixar, meninas, depois eu cuido disso. – Disse, meio sem graça. Mas só para não deixar ninguém no vaco.

- Ah, garotas! – De repente me veio isso à cabeça, antes que elas saíssem. – Vocês tem falado... com... Falado com a Ana?

Elas fizeram uma mescla de expressões que não pude decifrar.

- Ela nos abandonou, Mit. É só. – Resolveu responder Tatiana.
- É... Ela não quer ser mais nossa amiga. Aquela...
- Você quer dizer vaca? – Perguntou Tatiana.

Eu estava meio pasmo. Nunca pensei que ouviria uma coisa dessa por parte dessas três.

- Vocês eram super amigas, não eram? Por que tanta rebeldia?
- Não importa mais. – Falou a Tati.
- Ei, Mit... E esse lance de entrar em coma? Como foi que isso aconteceu? – Perguntou a latente curiosidade de Bia.
- Ah, isso... Foi um acidente e tals...
- Eu ouvi dizer que você tinha despencado da escada da sua casa, isso é sério? – Foi a vez de Alexandra.
- Quem te disse isso? – Quis saber.
- Ah, sei lá, disseram por aí.
- Então, você pode contar o que aconteceu? Tá, tipo assim, todo mundo curioso. – Comentou Bia.
- Gente... Não foi nada tão grave, eu só bati... a cabeça... acho...

Ai. Cadê você agora, Cam. Se você tiver por perto lendo esses pensamentos, vê se aparece e me tira dessa!

- Então... Er... Vocês nem contaram direito a história da Ana e vocês. Como foi mesmo que vocês pararam de se falar, mesmo? – Tentei insistir para o outro lado.
- Longa história, Mitius – Disse Alexandra.
- Depois de tudo o que fizemos – Comentou bem baixinho Bia.
- Vamos indo nessa, né? – Chamou Tatiana. Ainda bem, a situação já estava ficando bem chata.

O que mais me incomodava não era nem o fato delas quererem evitar o assunto da Ana ou mesmo entrar nos meus assuntos, e sim, aquela garota nova, a Bianca, rindo de tudo ao longe. O que ela estava pensando?

Foi só pensar nisso e ela resolveu vir para cá, após a saída das garotas. Bianca, garota estranha. Muito bonita, mas estranha, como diria o Beto.

- Oi Metoo! – Disse numa voz angelicalmente assustadora.
- Oi... Bianca, certo? – Fingi que não sabia seu nome, só pra ver como ela reagia.
- Fala sério, Metoo, eu sei que você sabe meu nome. Mas tudo bem, afinal...

Ela parou um tempo para respirar e se recompor.

- Afinal...? – Quis saber.
- Não fomos apresentados formalmente. Bianca De Mitre Lewandoski, sua nova colega de classe.
- Prazer. Metoo.
- Rsrsrs. Você não tem sobrenome?
- Tenho sim, mas não vem ao caso.

Nesse momento ela, cruzou as pernas usando aquele vestidinho revelador. Não pude deixar de notar. Depois apoiou o rosto com a mão. No contexto geral, estava muito fofa daquele jeito.

- Você é tão ríspido assim com as garotas?
- Quê? Não! Claro que não... Foi sem querer.
- Relaxa... Estou só enchendo o saco. Algo que muito em breve, você deverá se acostumar.

!!!

- Do que você está falando? – Fiquei confuso. Confesso que um gelo tomou conta do meu estômago. Ela, então, se aproximou demasiadamente do meu rosto, cochichando.

- Eu não sou burra, Metoo, eu sei de muita coisa sobre você.
- Eu não sei do que você está falando – Disse, relativamente irritado.
- Sei, por exemplo dos seus poderes, dos motivos reais que o levaram a ficar inativo... Sei também que seu nome não é Metoo...

Impossível. Co-como é que ela sabe de tanta coisa? Será que...?

- Espantado? Que coisa... Acho que eu disse alguma coisa que o surpreendeu. Pode ficar tranqüilo, eu não vou sair por aí espalhando isso pra ninguém... O nosso trabalho fica fácil quando poucas pessoas nos percebem.

O olhar de Bianca, outrora angelical, tinha se transformado em algo muito malicioso em todos os sentidos da palavra. Ela parecia querer me engolir.

- Você ainda não está acreditando em mim? Quer que eu fale qual é o seu nome de verdade? Não... Deixa isso para uma outra ocasião...
- Ah tá! E do que adianta saber dessas coisas?
- Adianta muita coisa.
- E o que você estava querendo dizer com “nosso trabalho”? – Insisti.
- Não é o momento para questionamentos idiotas. Vim por outro motivo.
- Então o que é que você quer? – Meu tom declarava meu nervosismo e irritação latentes.
- Eu estou de olho em você, Mit. – Disse meu apelido com um falso ar de carinho. – Entretanto meu principal objetivo, agora, é passar um recado importante.
- Que recado?
- É o seguinte: Macaia está vindo. Ele está nervoso e vem com tudo. Vocês podem achar que ele está do lado de vocês, mas não está. Portanto, tome muito cuidado.

Macaia?!! Mas era o mesmo nome que eu escutei nos meus últimos sonhos. Macaia está vindo. Mas o que isso significa? Quem é Macaia e por que está querendo brigar com a gente? Meu coração parecia que não batia mais. Suava frio.

Bianca levantou-se, ajeitou o vestido curto – e sexy – de jeans, e acenando graciosamente e sorrindo – angelicalmente – despediu-se de mim. Foi uma cena muito estranha...

- Tanto quanto angelical, ela parecia muito feroz, selvagem, vil, sei lá! – Disse para o Cam, no celular.
- Ela? Tem certeza? Mas isso é muito estranho, por que eu não captei nada, então?
- Não sei... Vai ver, ela tem algum tipo de habilidade paranormal, como a gente.
- Pode ser...
- Ei, Cam, onde você foi, que eu não te encontrei no final da aula? – Perguntei.
- Eu precisei resolver uma emergência fora da escola... Olha, eu vou precisar desligar, tudo bem?
- Mas, Cam!
- Depois a gente se fala!

Droga! Que coisa chata. Eu mal voltei daquele bendito sono auto-induzido e já me apareceram novos problemas. Essa tal de Bianca é mais assustadora do que eu pensava. O Cam está dando uma de misterioso ocupado, o Beto tá na pseudo-deprê dele, o que mais falta acontecer? Putz, eu me esqueço que essas frases podem ser fatais!

*

Aproveitando o intervalo do Primeiro para o Segundo período resolvi ir para casa almoçar. Andei poucos minutos. Encontrei minha chave no bolso lateral da mochila, muito útil, diga-se de passagem. E qual não foi minha surpresa quando, ao entrar na sala, lá estavam minha mãe e... um cara... bebendo café, enquanto assistiam TV.

Ao me ver minha mãe fez uma careta de espanto – bem rápida – e tratou de tirar a xícara de café das mãos do ilustre desconhecido. Que, aparentemente, não entendia muito bem a situação em que estava metido.

- Vou pegar mais um pouquinho de café para você – Disse minha mãe, de boa, indo pra cozinha.

O “cara” levantou-se, limpou as mãos nas laterais da calça social bem arranjada e esticou a mão para me cumprimentar.

- Metoo, não é? – Disse ele com uma voz levemente rouca, porém jovem. Devia ter uns 35, talvez menos.
- Sim... E... Você é?
- Opa! Meu nome é Carlos, sou do trabalho da sua mãe, ela já deve ter comentado de mim...
- E o que você faz?
- Metoo! Não seja mal educado com o Carlos. – Disse minha mãe voltando da cozinha, com duas xícaras de café – uma para mim, provavelmente.
- Eu sou coordenador de área. Sou responsável pelos setores de criação, onde sua mãe trabalha, entrei faz pouco tempo na empresa.
- Acho que menos de um mês. – Complementou, minha mãe.

Um mês dormindo, direto, faz toda a diferença pelo visto. Meu mundo já não parece ser o mesmo de antes. Espero que esse cara não esteja dando uns amassos com a minha mãe. De qualquer forma o clima já estava muito estranho mesmo...

Foi quando meu celular tocou.

CONTINUA...

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