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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CRASH

EPISÓDIO # 203 – Crash






Eu me sentia só, um vazio. Não parecia ter fundamento porque minha mãe estava próxima. E mesmo meu irmãozinho, que mora longe com meu pai, sentia como se ele estivesse aqui. Talvez um amigo, talvez um parente. Mas se todas as opções não estiverem corretas, e não estão, teria que concordar com um pensamento peculiar que, vira e mexe, passava pela minha cabeça. Esquece!

Talvez eu me sinta sozinho pelo fato da Dona Lurdinha ter feito sua passagem espiritual, ela sabia do meu segredo, pois um dia fora o dela. Era alguém, corrijo, espírito com quem podia conversar, mas como disse antes, não está mais aqui. O curioso é: se ela passou um dom para mim... QUEM passou o dom PARA ELA? Seria uma pessoa capaz de desenvolver e armazenar esses poderes, sozinha, do nada?

Karina. Será que alguém passou aquele poder para ela? QUEM tem essa capacidade? Talvez eu devesse ir atrás dessa resposta. Quem nesse mundo escolheria pessoas de lugares tão próximos para receberem dons tão complicados? Como sempre, muitas perguntas, poucas respostas.

Uma coisa era, fatalmente, certeza: Nada descobriria se ficasse parado, no meu quarto, olhando para a tela do computador. Sair um pouquinho não faz mal a ninguém, certo?

E não é que a campainha tocou bem na hora!

- Metoo! É para você – Escutei minha mãe chamando, lá de baixo.

Enquanto descia as escadas, meu único pensamento era: Não é ela, não é ela, não é ela... Era ela sim.

- Oi Met.
- Oi, Ana...

Como num passe de mágica, fomos para o parque próximo da casa dela. Melhor, ou pior? Muitas testemunhas, pequeninas e por vezes inconvenientes, as crianças do nosso bairro.

- Eu gostaria de perguntar uma coisa pra você.
- Prossiga – Eu disse, tendo em mente a tal questão.
- Eu entendi mal, ou você está me evitando desde que as aulas começaram...
- Isso foi há... – Enrolar estava quase se tornando o meu forte.
- Há duas semanas atrás.
- Então é isso... que você queria saber...?
- Eu tenho em mente duas respostas possíveis para isso... A primeira é que eu tenha comentado alguma coisa que te deixou, digamos, chateado. A segunda – Ana continuou – É o fato muito estranho que eu presenciei, há mais ou menos duas semanas e meia, atrás.

Bingo! para as duas.

- Não é nem uma, nem a outra.
- Eu só estou querendo entender, Met.
- Não tem nada para entender... Nem somos tão ligados assim.
- É exatamente por isso... Um tempo atrás, você nem falava comigo e me ajudou com as matérias da escola, depois me ajudou a me aproximar do Beto. Eu estou querendo dizer que se eu puder te ajudar, mesmo não falando muito, mesmo sem te conhecer direito...
- Eu sou assim, Ana. Meio bobo e desligado, sumido! E só.

Como eu gostaria de dividir com alguém, mas não dava, não poderia.

- Eu vou indo pra casa, minha mãe deve estar precisando de mim.
- Foi você que encontrou a Bia, não foi?

Um dos motivos de gostar muito da Ana é porque ela sempre foi muito inteligente. Embora eu tivesse enviado uma mensagem pelo login da feiticeira indicando o local. Ela fez o computador desaparecer depois.

- Não fui eu. A feiticeira enviou aquela mensagem para a polícia, depois que ficou cercada.
- Eu pensei que fossem só rumores. Como sabe que ela enviou mesmo a mensagem?

Metoo seu cabeça oca. Só conseguia aumentar as suspeitas dela sobre mim. É claro que a polícia encobriu o máximo possível o caso, porque não conseguiram capturar a feiticeira.

- O seu namorado estava comigo, escutamos os guardas comentando.
- Eu observei algumas coisas... Não acha estranho, primeiro suas atividades extras nas férias, os bombeiros e o acidente de carro. Agora uma feiticeira maluca que você ficou obcecado e a solução do desaparecimento da Bia, e, de alguma forma, você está dentro disso tudo.
- Eu não seqüestrei a Bia, se é o que quer dizer.
- Mas foi o único, na escola toda, a duvidar do conteúdo do blog. Fala sério! Eu nem tinha pensado naquela hipótese.

Eu não sabia que a Ana poderia ter observações tão perigosas.

- Como eu havia comentado, a feiticeira tinha feito ameaças, eu levei a sério. Agora pára de procurar coisa aonde não tem.
- Está bem, desculpa, então.

Eu sabia que o assunto não encerraria tão facilmente para ela. E tinha certeza absoluta que me manter distante era melhor. Para o caso de não falar uma besteira e revelar coisas de mais. Tinha como me virar sem um guia, afinal. Mas estava ficando difícil, muito mesmo.

Quando cheguei em casa, encontrei minha mãe na sala. E pela primeira vez em muito tempo, conversamos sobre um papo meio complicado.

- Mãe... nesse tempo todo, em que o pai foi embora, ele ligou ou... mandou alguma carta. Ele se preocupou com a nossa existência?
- P-Por que está perguntando isso agora, Met?

Eu ouvia muito falar sobre apoio de pai, em situações difíceis, e como sabia que não poderia tê-lo por perto fisicamente, um objeto poderia me trazer essa sensação. Afastar a pressão que os interrogatórios da Ana traziam e, quem sabe, preencher esse vazio.

- Só por saber... sinto muito, eu sei que não gosta de falar disso. To subindo!

Eu não tinha o costume de chorar, mas foi o que aconteceu entre as quatro paredes do meu quarto. Mas não foi por muito tempo, não. Outras coisas aconteceram...

- Como posso dizer... Não deveria chorar agora – disse uma voz misteriosa.

Eu levei um baita susto! Mané, tinha um fantasma no meu quarto. Só podia, porque ele parecia muito com os que eu via nos desenhos animados. Com direito a aparência de toalha na cabeça e tudo.

- Quem É...VOCÊ?
- Um espírito, fantasma, coisas do gênero...
- Você não tem... nome? Que esquisito!
- Eu tenho um nome, mas eu estou em uma fase de transições, se é que me entende.

Vixi! se for o que eu estou pensando.

- Esquece isso, tá legal? Como dizia eu, é melhor esperar para chorar.
- O motivo, por favor.
- Tem gente que precisa da sua ajuda. É melhor se concentrar!
- Como você...?
- Concentração!

Eu fiz como a figura me pediu. Era o Beto, ele precisava de mim, mas eu não conseguia saber o por quê. Tudo estava confuso e disforme, barulho. Minha cabeça começou a doer. Aí, eu consegui notar: ele estava na praça perto da escola. Saí correndo.

Quando cheguei na praça, o Beto caminhava normalmente. Estava esperando para atravessar a rua quando veio um carro. Fui tomado por um frio intenso no abdome, e meu corpo tremia. Vi o carro do acidente de dias atrás na minha frente. Reaja!

- O carroooo!!! – Gritei. Mas já era tarde o carro passou e o acertou de raspão, mas foi o suficiente para jogá-lo alguns metros.

- Ai meu Deus! – Gritei e corri na sua direção e outros da praça fizeram o mesmo.

O fantasma apareceu do meu lado. Ninguém, além de mim, podia vê-lo.

- Beto, você consegue me ouvir?
- Ai, ai... tá doendo, cara!
- Calma, calma que a ambulância está vindo. Vai ficar tudo bem.

O dono do carro desceu e ficou desesperado.

- Eu o levo pro hospital!
- Não é melhor esperar a ambulância. Melhor não mexer o corpo, para não fraturar um osso – comentou uma mulher.

Depois que a ambulância levou o Beto, sentei em um dos bancos da praça, estava chocado. Se fosse um momento de piadas, diria que não deveria ficar mais chocado por estar chocado. Eu não acreditava no que tinha feito, se demorasse mais alguns segundos poderia ter sido fatal.

- Não fica assim – Disse o fantasma.
- Eu quase não consigo... de novo. Por que? Por que das imagens confusas na minha mente, por que fiquei paralisado? Eu não consigo compreender...
- Você está traumatizado, Met.
- Estou o quê?
- Ficou assim por causa do acidente de carro.
- Eu não posso, eu não percebi.
- Racionalmente não, mas seu corpo e inconsciente, subconsciente percebe e reage de alguma forma. O medo paralisa as pessoas. Fez isso com você.
- Isso tem cura...
- Um passo de cada vez, e você consegue.

Trauma. Eu devo ter batido a cabeça, forte mesmo.

- Afinal, quem é você?
- Eu sou seu novo guia...
- Compreendo... Mas seu nome...
- Assunto complicado para agora – Ele me interrompeu. – Melhor você ir visitar o seu amigo. Depois conversamos sobre isso.

Conversei com a minha mãe sobre o ocorrido, ocultando detalhes. Concordamos que era melhor deixar a família dele cuidar de tudo nesses primeiros momentos. Fomos no dia seguinte.

No hospital, pedi para ficar uns minutos a sós com o Beto.

- Oi amigão, como é que vai? – Disse ele, alegre.
- Indo.
- Cara, se você não tivesse me avisado, eu teria virado batata amassada no chão.
- Beto, é sobre isso que eu queria te falar...
- Não entendi. Você é meu herói!
- Desculpe por demorar a avisar do carro, eu acabei paralisando na hora...
- Tudo bem, eu entendo. Acho que todos sabem que você esteve próximo no acidente de carro, lá na avenida de acesso. Compreensível.
- Beto, eu gostaria de um favor... não conte para a Ana que eu estava lá na praça, que eu gritei para você desviar do carro, nada! Tá legal?
- Posso saber o por quê?
- Fica como um segredo nosso. Não quero chamar mais atenção para o meu lado. Não fala nada, combinado?
- Combinado, então! Se é assim que você quer...

As situações são no mínimo curiosas. A todo tempo muitas coisas acontecem sem que você preste muita atenção nelas. Hoje por falta de atenção, meu amigo foi atropelado. Eu sei que eu não tenho culpa nisso, mas, o que eu puder fazer para evitar que as pessoas se machuquem, eu farei. Também não tinha prestado atenção em outro curioso detalhe: Quando pedi para o Beto guardar segredo, não sabia que a Ana estava atrás da porta, segurando um buquê de margaridas, esperando para visitar o namorado e escutando cada palavra. Coisa que só ficaria sabendo algum tempo depois.

Os fatos eram: com a aparição do novo guia, por algum motivo meu vazio se preencheu um pouco, ao passo que as suspeitas da Ana cresciam a cada dia.

2 comentários:

Gammelo disse...

Poderes são coisas complicadas.
As vezes a gente não tem noção do que fazer e tem situações em que nada pode mudar isso.
Met eu acho que a Ana tem poderes hihihih.
Quanto ao fantasma, pensa, é melhor que um grilo falante...
Vai com calma, o mundo não foi feito em um dia..

eta q ta ficando emocionante isso

Alef disse...

ai Gammelo parece q vai ter um perçonagem em sua homenagem...
(eu tbm quero) hehehe
essa 2º temp tá mto legal e emocionante!
a Karina vai aparecer novamente?
ela seria uma otima aliada para ajudar as pessoas vcs poderiam ir com facilidade aos locais e ajudar pessoas com mais facilidade.
ñ axam?... até o proximo post.