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sábado, 30 de janeiro de 2010

SEGREDO

"Se perguntassem a Peter Parker o que ele preferiria fazer, a resposta certamente seria 'ser uma pessoa normal', não ter grandes responsabilidades, não ter poderes, não ter... segredos. Mas como ninguém faz isso, temos mais uma pessoa extremamente estressada, deprimida e sozinha no mundo".
POST DE HOJE:

Muitas coisas aconteceram nesse tempo que fiquei longe do Blog. Coisas que eu jamais imaginaria que acontecessem. Resumindo, foram grandes e notórias mudanças.

Após ajudar minha amiga Ana a ficar com meu amigo Beto (sem contar o esquadrão louco formado por suas três amigas), as ocorrências - que meu poder podia captar - foram se desenrolando uma atrás da outra: Ajudei uma senhora que não conseguia mais andar a atravessar a rua; Avisei aos bombeiros que uma casa estava pegando fogo e que uma menininha precisava de ajuda; Consegui avisar o administrador de um zoológico que um de seus funcionários estava preso na jaula de um leão que estaria em exposição até segunda daquela semana; consegui evitar que um homem de meia idade se suicidasse por ter perdido a esposa em uma viagem ao norte do país; consegui, a partir de um telefonema anônimo, avisar a polícia e evitar um sequestro...

Estava certo que eu estava amadurecendo, isso porque Dona Lurdinha também dizia, porque minhas ocorrências estavam amadurecendo também. Eu tinha muito, muito medo e as estratégias usadas para solucionar cada caso e não atrair o foco foi a parte mais difícil. O segredo eu mantinha dentro da caixa que há muito tempo ganhara de Lurdinha, que em missão, me auxiliava nas situações que exigiam mais vigor e raciocínio. O tempo ia cada vez mais diminuindo para ela, até onde eu pude saber, não era permitido ficar mais do que duas semanas ainda no plano conhecido por terrestre, onde nós moramos. Mas faltava alguma coisa...

Demorei para notar que a cada nova ocorrência meus poderes intensificavam-se de diversas formas, como ter a sensação de que precisam de ajuda em uma distância razoavelmente maior. Se antes eu podia sentir alguém em mais ou menos 500 metros quadrados, agora isso se expandira para um raio de 12 quilometros. E eu nunca vou esquecer que ao invés de sentir que alguém precisava da minha ajuda, em minha mente, eu via a pessoa. Graças a isso eu podia tentar encontrá-la. Mas, a mais incrível mudança de todas foi descobrir que eu já podia saber porque a pessoa precisava de ajuda, isso tinha uma via dupla, bifurcada e obscura, pois eu presenciava em minha mente tudo que podia acontecer caso nada fosse feito para ajudar; A garota do incêndio se tornou um pesadelo para mim...

Os novos poderes, no entanto, causavam uma grande confusão. Primeiro, porque nem tudo que eu captava estava tão claro; Segundo, que eu podia presentir as coisas até 3 dias antes de acontecer, o que não excluia o fato de poder acontecer a qualquer momento. Esse era mais um fator que ajudava nos pesadelos. Sem saber quando iria acontecer, não sabia se já deveria ter ajudado ou não.

Agora, vocês estão por dentro dos principais fatos que aconteceram na minha ausência. O que vem pela frente, nem eu sei...

Minha vida sempre foi guiada por alguma música e dessa vez teria um significado peculiar. Paparazzi, batia e rebatia na minha cabeça, tanto que doía de verdade, meu novo sentido me dizia que eu deveria me preocupar, mas com o quê?

Enquanto meu sentido disparava, novos pesadelos me assolavam. Imagens embaçadas e coloridas bailavam diante dos meus olhos. Muito barulho, algo quente, não conseguia definir nada. Minha cara estampava todo o meu cansaço e, obviamente, minha mãe estava preocupada. Lembrando que a maioria das ocorrências foram todas nesse período de final de aula e começo de férias, estive muito ocupado e ausente para quem deveria estar descansando. Isso certamente não estava no padrão do bom e velho Metoo, que minha mãe conhecia.

Dona Lurdinha não aparecia há alguns dias, o que me preocuava mais. Ela como um bom espírito guia deveria saber por que os meus sentidos não estavam claros dessa vez.

Para a minha surpresa, Ana veio me visitar. Conversamos na calçada de casa.

- Como você está? Você desapareceu nessas férias...

- Eu... estou bem, sério. Só... Fazendo algumas atividades complementares... - Respondi.

- Que tipo de atividades?

- Atividades! Oras, teatro... violão... essas coisas. - Esperava que ela não tivesse notado o agudo de surpresa na minha voz.

- Estranho - Ela disse isso com um sorriso - O que eu vim fazer é... Muito obrigada por ter me ajudado com o Beto, ele é um cara legal, tímido, mas legal.

- Eu sei, ele é meu amigo também.

- Olha, eu sei que não deveria contar, mas eu tenho... tenho sim...

- O que foi? - Perguntei, o tom dela me era estranho.

- É um segredo. Sobre o Beto... Ele está muito preocupado com você. Diz que não tem te visto e... ele acha que pode ter culpa nisso, mas pediu para que eu não te contasse...

Pára tudo, não me contasse o quê?

- Não contasse exatamente o quê?

- Bom, se olharmos por um lado eu devo ter culpa também... Metoo, desculpe se eu te magoei... não era minha intenção.

- Magoar? O quê? - Minha cabeça começava a doer. Ela respirou fundo.

- O Beto me disse que você gostava de mim... - Ela falou pausadamente. - E como nós estamos namorando, ele pensou que você estivesse chatiado, pois são amigos e gostam da mesma garota... é isso.

Eu fiquei mudo. Na verdade chocado, mas controlei minhas expressões o máximo que pude. Minha cabeça doía mais do que nunca, eu poderia passar a sensação errada. De qualquer modo ter meus sentimentos declarados daquela maneira não era nem um pouco confortável, era, como se diz? Estranho...

- Metoo - Ela chamou minha atenção. - É verdade? Você... gosta de mim?

- Ana... podemos falar disso... uma outra hora? Eu não estou muito bem...

- Claro! - Ela engoliu em seco - Sem problemas... outro dia a gente se fala.

Minha cabeça ia explodir, por isso levantei e fui na direção da porta. Ela me chamou antes que girasse a maçaneta.

- Metoo... Olha, isso não precisa ser um segredo, você pode contar comigo e... quando não tiver mais atividades complementares, poderemos nos ver...

Eu apenas acenei com a mão, um gesto que era um misto de até logo com tudo bem e entrei. Subi para o meu quarto e lá me joguei na cama. As mesmas imagens, cores disformes e agitadas, aquele ar quente... Gritos, ficando cada vez mais distantes. Adormeci.

Fui acordado por Dona Lurdinha.

- Está chegando a hora, logo eu vou ter que partir.

- Partir... Você está assustada?

- Eu? assustada? - Ela começou a rir - Eu não estou assustada, meu jovem. Só preciso ter certeza de que aprendeu o necessário para seguir adiante... e só.

- Eu não sei se aprendi. Tenho muitas dúvidas, ainda. Tem muita coisa que eu não entendo sobre esse poder.

- Isso é porque tem muita coisa que realmente não é necessário que se entenda. Apenas, deixe fluir.

- Como? - Eu estava indignado.

- Metoo, eu já tive os mesmos poderes. Podia escutar quem precisava de ajuda, assim como você o faz hoje. Isso é um dom, mas traz muitas angústias também.

- E o que aconteceu? Por que não tem mais?

- Eu fiquei muito velha e já não podia mais sair por aí correndo para salvar o dia. Super heróis precisam de descanso. - Ela deu um doce sorriso nessa hora.

- E por que passou para mim?

- Eu decidi que entregaria para alguém que tivesse essa disposição de ajudar os outros, afinal esse era o intuito de se ter um poder semelhante, não? Lembra-se, você me ajudou naquele dia, quando ninguém mais o fez. Achei que se desse a você esse poder, você poderia fazer mais por outras pessoas, assim como eu mesma um dia fiz.

Antes que eu perguntasse sobre as dores de cabeça e seu significado, Lurdinha desapareceu. Não sabia se a veria novamente, mas tinha certeza que algo esquentava meu coração, agora que sabia um pouco mais sobre ela e de alguma forma, pouca, sobre esses poderes misteriosos.

Durante a noite tive mais pesadelos, mas desta vez eram mais nítidos. Em um deles as mesmas cores embaçadas apareciam, mas uma sirene soava ao fundo. Poderia ser um carro de bombeiros? Deveria chamá-los? No outro, via um carro fazendo a curva na avenida central, alguns quilometros da entrada da cidade. O carro capotava e caía em uma vala. Os corpos eram arremessados no chão e uma pessoa abria a porta e dizia para ter cuidado. Acordei na madrugada suado e em choque. Não conseguia lembrar do último detalhe. Não dormiria bem nessa noite.

No dia seguinte eu tomei meu café as 10 horas, como de costume. A dor havia amenizado-se um pouco e estava de saída quando a campanhia tocou. Na porta, uma surpresa: Ana.

- Oi, eu-eu queria me desculpar por ontem, eu deveria ter dito de outra forma... ou nem deveria ter dito... sei lá, saiu... - Ela falava tão rapidamente que estava difícil de acompanhar.

- Ana, está tudo bem. Não tem nada demais... já foi... certo?

- Mesmo assim. Metoo... você me desculpa?... Eu sei que estou atrasada.

A dor veio com tudo. Quase não respondi. E disse 'sim' com dificuldade.

- Metoo, você está bem?

O sonho que faltava veio como num relâmpago e pude ver. No relógio de pulso da vítima marcava exatamente 10: 53, eu não tinha tempo. Precisava avisar os bombeiros. Saí correndo, me esqueci de Ana.

- Aonde você vai?

- Vou nos bombeiros!

Se eu não tivesse uma boca tão grande e tivesse oniciência, teria percebido que Ana iria me seguir. Não tinha curiosidade sobre porque eu ia ter com os bombeiros, mas sim por que essa atitude parecia muito estranha.

Quando cheguei lá, não me deram atenção. Acharam que eu estava passando um trote. Mas como eu lembrava do sonho, contei com que eles duvidassem e fossem conferir. Tinha que partir para a avenida, o que levaria meia hora correndo, e já tinha gastado 15 minutos para chegar até ali. Não tinha muito tempo.

Quando cheguei no acesso a avenida, o acidente tinha acabado de acontecer, tinha uma fumaça subindo e dois corpos caídos no chão. Eu corri para o carro, desesperado, para abrir a porta e tirar uma mulher que estava presa ao cinto, do lado do carona. Ela estava tonta e andamos vagarosamente, tentando tomar distância do carro. Ela provavelmente não tinha dado conta do ocorrido e nem que duas pessoas mortas e que ela amava estavam caídas no chão. Ela simplesmente olhou para o lado e gritou para ter cuidado. Nessa hora uma das rodas dianteiras estourou e o impacto violento jogou nós dois no chão. Eu bati a cabeça e fiquei zonzo, ela deveria ter desmaiado. Sua mão caida na frente do seu rosto me mostravam as horas... 10:43. Eu teria errado? Minha visão desfocava e focava e tudo aquilo pareceu uma eternidade, meu corpo estava quente e dolorido, ardia com o impacto do pneu.

Os minutos foram passando, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53... E as sirenes surgiram. Meu rosto estava molhado e não parava. Seriam lágrimas?

Depois que tudo clareou, estava na cama de um hospital, com vários curativos. Não conseguia me mover direito, sentia dores. Um médico se aproximou.

- Tente se acalmar, tudo bem? Você sofreu um acidente e fraturou o braço direito. agora tenha calma e procure não se mexer. Está tudo sobre controle.

- O que houve com ela - Disse com dificuldade.

- Infelizmente ninguém sobreviveu ao acidente de carro. Sinto muito. Uma amiga disse que você estava tentando ajudar quando outras coisas aconteceram e chegamos, então, aqui.

A lágrimas desceram de novo. Como ninguém sobreviveu?

- É melhor saírmos e deixarmos ele a sós, por alguns minutos - Disse o médico, fechando a porta.

Dona Lurdinha apareceu. E esclareceu os fatos. Disse que Ana seguiu-me com sua bicicleta e quando aconteceu a explosão chamou a ambulância para fazer o socorro. Eu estava tão nervoso que não percebi a presença dela na avenida. Não me sentia melhor. Ainda chorava. Queria entender...

- Como ninguém sobreviveu? Eu pensei...

- Metoo - Disse Lurdinha, indulgentemente - Essa era a parte que faltava, a parte mais dura do que temos que passar, quando temos certas responsabilidades... temos que aprender que para tudo tem sua hora e que não podemos ajudar a todos... Sinto muito...

- Eu não entendo... eu fui para lá...

- Eu tenho que partir agora... Mas não se preocupe, jamais vai se sentir só. Prometo.

Foi a última vez que vi Dona Lurdinha. Foi a última vez que conversei com ela.

Passado algum tempo, não me sentia tão péssimo e tentei refletir sobre essas últimas lições que me foram deixadas, de forma dura. Fiquei no meu quarto descansando, e procurando não ter nenhuma atividade estressante. Daí, eu lembrei: por que a Ana estava lá? Ela foi nos bombeiros também? Será que ela desconfia de alguma coisa? Eu sabia que a partir de então, deveria tomar mais cuidado, para não criar suspeitas. Agir com calma, tendo ciência de que não se pode ganhar todas. Mas principalmente por que, se Ana desconfia de mim e minhas atitudes estranhas, eu ganhara, então, minha própria paparazzi.

FIM DA PRIMEIRA TEMPORADA.

CONTINUA...

Um comentário:

Gammelo disse...

oi
naum aguentei a curiosidade e li
OMG... nem creio acho que vc Metoo deveria se preocupar em salvar corações, ou então mentir lehor
devia ter ligar para os bombeiro as 10:30 dizendo o acidente aconteceria
sinto muiot pelas pessoas mais muitas vezes mesmo sem podere nunca podemos ajudar a todos, temos que lidar com isso também
mais voce fez o que acho correto
com relação a ana, cuidado, vc pode querer ser o peter parker mais lembre-se q a marie jane naum teve tanta paciencia assim.
Segredos sao segredos ok? abraços