PRÓLOGO (trechos dos episódios anteriores)
Da última vez que alguém precisou me contar algo, descobri que meu pai havia partido... Eu me senti só, um vazio que não parecia ter sentido porque minha mãe estava do meu lado... Mesmo o meu irmãozinho, que foi morar com ele dois anos atrás, sentia que estava próximo... Perguntei para a minha mãe se nesse tempo todo que o pai foi embora ele mandou notícias... Não tive uma resposta...
Eu ouvia falar sobre apoio de pai em situações difíceis, ele não estava aqui fisicamente, mas se houvesse alguma coisa, carta, objeto que o deixasse mais perto de mim... Talvez a pressão do momento se abrandasse por alguns instantes... E preencheria esse vazio...
A aparição do novo guia sanou um pequeno pedaço desse vazio. Quem era? e como perdeu a memória? Diga Tás, se estiver escutando esses pensamentos...
Dizem que o tempo cura qualquer ferida, qualquer dor... Mas eu tive ódio, eu odiei meu pai, o odiei por ter levado meu irmão, mesmo que ele mesmo tenha decidido seguí-lo e eu não podia fazer o mesmo... jamais abandonaria minha mãe, não a deixaria sozinha pela terceira vez... A única coisa que posso fazer agora é esperar que um dia venham nos visitar.
O OUTRO PLANO, ONDE LUZES LILASES BRINCAM COM TODA A FLORESTA
Se quem até aqui ascender significa que da iluminura faz parte
Que no entanto contigo se encontra verdade de temível acuidade
Jaz do outro lado divisão entre os espíritos bons e de maldade
Embora brilhe luz perfeita de jade, te preocupas com a obscuridade
Diga com que transtornos ser pávido quebranta a pureza e a bondade
Divino ser que logro comunicar
Que todo o caos há de aplacar
De longe vale eu vim
Para de sua graça possa em breve alcançar
Anuncio o mefistófeles, o ruim
Quem em superfície clara e imaculada exceção vem fazer?
Diga pois a verdade, para que da veracidade algo possa compreender
Há muito tempo de identidade não faculto
Que em planos baixos por certo ainda é oculto
Mas apego na alcunha que ser bondoso me ofereceu
Chamam-me de Tás desde que da memória verdadeira desapareceu
O nome que usava enquanto ser terreno e vulto.
Rogar-me pois com ensejo
Para que alcances a graça de Miguel
E enfim realizar teu desejo
E com alento rasgar o negro véu
Parta agora, que assuntos não tem mais no céu...
ENQUANTO ISSO, O PLANO QUE METOO BOTARA EM PRÁTICA ESTAVA ABALADO PELA REPENTINA APARIÇÃO DO VERDADEIRO VILÃO...
O mais rápido que puder, o mais rápido que puder... Eu precisava alcançar a Ana. Ela não respondia pelo rádio e o grito agudo que soou pelo mesmo me fez pensar o pior... Todos estavam caídos no chão, a imagem se prendia na minha mente de forma tão sombria que amarguraria qualquer um em instantes. Não pareciam mortos, mas não estavam bem... o que estou dizendo? Não tive tempo de conferir nesses segundos em que nos materializamos durante o teleporte... minha fé porém não me permitia desistir tão fácil. Mas enquanto procurava manter a mente firme, meu corpo não suportava mais a pressão dos poderes da Karina. Eu só tive tempo de balbuciar...
- Ka-Ka... Temos que parar... Eu...
- O que foi Metoo? – Ela me perguntou.
- Pára... Por favor.
O que aconteceu logo após me surpreendeu de tal maneira que nem conseguiria reproduzir com exatidão. Quando Karina parou de usar seus poderes pausamos por alguns instantes no espaço e conforme a velocidade chegava ao normal o cenário – de um branco ofuscante – foi tomando forma como tinta aquarela e água se misturando, lenta e incrivelmente. Tão surreal que tive medo, medo de acabar com a tensão superficial que mantinha o fenômeno acontecendo, com um simples toque. Minha cabeça estava menos dolorida, mas quando esse evento fantástico terminou e nos encontramos no cenário devido, a pressão voltou com tudo e fui ao chão. Logo passou, entretanto o cansaço do corpo me esgotou.
Eu poderia me levantar? Minhas pernas não estariam assim tão exaustas, estaria dando tudo errado... O que eu fiz? Arriscando a vida de todo mundo assim, desse jeito? Quem eu pensava que podia ser?
- Não chora Metoo... – Escutei de fundo a voz de Ka. Um tom de piedade abraçava suas palavras tentando ser o máximo possível gentil.
Responder o quê? Não tinha resposta para ela, não tinha como dizer se estava me confortando com suas palavras ou não. Litros e litros de um líquido salgado e transparente... Afogaria-me com o orvalho dos meus olhos?
Levanta Metoo... Levanta! O que você está esperando? Hein? O que está esperando?! Tem que seguir em frente... Sempre! Não Seja fraco... Lembre-se que só acontecem coisas que você pode suportar...
Mas eu não suportava mais... Minha mãe ficou jogada lá para trás... E nem chegamos onde a Ana está... E eu só penso em chorar. Por que eu estou assim? Por quê?
O rádio chiou do meu lado. Uma voz soava.
- Metoo? Responde... Você está acordado?
Com muita dificuldade peguei o walk e levantei até a frente do rosto.
- Fala Beto, eu... To aqui...
- Não estou conseguindo falar com mais ninguém... (chiado)... Metade do grupo veio abaixo, mas... (chiado) os que eu vi pareciam bem...
A voz do Beto estava muito baixa e oscilante.
- Onde você está? – Perguntei ofegante.
- Eu estou indo para a posição em que a Ana ficou, quero saber o que aconteceu... (chiado mais prolongado).
- Toma cuidado, Beto...
- Que isso Metoo – Disse ele – Se fosse acontecer alguma coisa, você saberia né?
- Tá – sibilei – Eu chego lá em uns 5 segundos... Tchau.
Escutei apenas chiado, mas não me preocupei. Karina que ficou sentada do meu lado o tempo todo, estava impaciente, possivelmente ansiosa.
- Mit, você tem que ficar aqui, você está suando muito, pode ser início de uma febre...
Ela mediu minha temperatura pela mão. Depois de um tempo continuou:
- Eu vou ver se encontro água por esses lados... Já volto...
De todos os momentos mais duros que já passei, que a resistência não foi muito além. Vou lembrar desse de forma muito especial. Foi a primeira vez que a Karina e eu nos beijamos. Tocar os lábios úmidos dela me causou um furor que estremeceu todo o meu corpo. Fiquei imediatamente com sede, e sábia que como água, seria o beijo dela que me saciaria... Ela se levantou e foi buscar nos fundos do terreno algum tipo de recipiente. Passado instantes ela gritou...
- Karina?! – Eu gritei, atrás de resposta.
- Tem uma pessoa aqui... Acho que está desmaiado...
Quem seria? Estaria ferido? Juntei então minhas forças e me arrastei até a curva do muro – se tivesse metade do porte físico do Beto, não precisaria sequer me mover – de onde estava apoiado, com isso consegui avistar o mesmo que minha namorada.
- Eu não acredito... CAMMELO??!!
Bem ali, desfalecido e encostado no muro, encontrava-se Cammelo. Estava muito ferido, com arranhões pelas mãos e rosto. Suas roupas estavam rasgadas, revelando escoriações e hematomas por todo o braço. Ele usava exatamente as mesmas roupas de quando apareceu pela primeira vez utilizando sua ilusão. Um jeans escuro e fosco, com barras dobradas para fora e uma camisa social preta que estava longe de seu estado normal. Sua aparência era a de um pedaço de pano estraçalhado por cachorros. Mas o detalhe mais abominante foi o que a Karina percebeu primeiro, seu braço direito estava amarrado por seu cinto a uma barra fina de ferro... Não queriam que ele saísse dali... e conseguiram...
- Então é ele? – Perguntou Karina horrorizada com a cena.
- É ele sim... O que será que aconteceu?
- Se lembra do que aquela criatura disse? – Comentou Ka. – Disse que quando saísse do corpo da dona Samanta, ela estaria acabada...
- Mas ela não ficou ferida... Ele deveria estar manipulando o corpo do Cammelo há muito mais tempo... Ele deve ter sofrido bastante... – Falei.
- E ainda está sofrendo... – Disse Ka.
Como? Ainda está sofrendo? Isso significa...
- Ele ainda está vivo Mit. Está respirando muito fraco... Temos que fazer alguma coisa. Eu vou ver se encontro alguma farmácia, não estou conseguindo me localizar muito bem. Espere aqui, não tente ir para nenhum lugar...
A Ka tentava disfarçar, mas eu sabia. Ela estava nervosa, triste com tudo o que aconteceu até agora, e talvez com o que pudesse acontecer. Coloquei-a nisso, e prometi que a tiraria. Tenho que tirá-la disso sem nenhum arranhão... Não quero ver mais nenhum amigo meu machucado... mesmo que eu...
Instantes antes de se teleportar, Karina parou. Levou a mão a boca, fechou os olhos soluçou... Ela estava chorando. Eu entendo agora o sofrimento do Clark Kent em relação a Louis. No fundo só o que temos é um sentimento egoísta, de não deixar a pessoa que amamos se envolver, porque não queremos perdê-la... mas se pararmos e pensarmos, lá no fundo, bem lá no fundo esquecemos que essa pessoa também tem medo de nos perder, mas isso nunca impediu que fizéssemos coisas absurdas, impulsivas... Estranho, não é? Mas é verdade...
Enquanto eu pensava no amor que sentia pela Ka, e sobre nossas atitudes em momentos complicados, como esse, minha determinação aumentou. Ela olhou para trás, deu um sorriso – forçado, diga-se de passagem – e desapareceu no ar, como em um piscar.
Me aproximei como pude de Cammelo e tentei acordá-lo. Ele não respondia. Mal podia escutar sua respiração, era melhor mesmo que ele não despertasse de súbito. Lembrei depois de que iria para a posição da Ana, dentro de cinco segundos, que nesse momento já somavam minutos. Eu sabia, porém, que ele não tinha chegado, pois a área demarcada pelo mapa tinha uma distância considerável entre os pontos. Ele ficará bem... Espero...
De repente um vento forte começou a soprar, levantando poeira. Foi quando uma luz muito forte que ardia os olhos de tão clara apareceu bem adiante. Seus diversos raios ramificados esquentavam e confortavam a mim e aos meus músculos falhos. Eu não tinha certeza se deveria ficar confortável ou se deveria me assustar, no entanto, se comparasse com a escuridão daquele ser maligno e essa luz, eu preferiria definhar olhando-a ternamente. Mas tão súbita e inexplicável como apareceu, foi-se embora escurecendo um pouco o ambiente onde me encontrava. Gostaria de um dia poder descrever melhor tudo o que se passou naquele momento, as sensações internas... mas era e é inexplicável...
Minha cabeça começou a doer. Foi aos poucos e depois aumentando. Logo estava insuportável. Meu coração acelerou, minhas mãos começaram a tremer e as imagens invadiram minha mente. Fiquei assustado, era como das últimas vezes antes do acidente do Beto. “Meu Deus”, pensei, “O que está acontecendo?”... Será que chegara a hora? Será que a ameaça que envolve minha vida está por se realizar? Tantas imagens confusas, distorcidas, vozes. Nada definido, nada inteligível... Com certa ironia pude perceber que essas distorções nada pareciam como no teleporte com a Ka.
Levei as mãos a cabeça e rezei para que nada acontecesse agora, que a luz forte e reconfortante voltasse. Nada aconteceu... Até que a Karina voltou. Vendo-me naquele estado, se aproximou, deixando cair ao seu lado uma caixinha com esparadrapos e – embora não tivesse visto muito bem – um vidrinho de mercúrio.
- Metoo! Olha para mim, você está bem?!
- Estou tenho uma espécie de visão... – Consegui responder com dificuldades.
- Alguém está em perigo... M-mas... eu não consigo saber quem é...
- Mit!
- Acho que sou eu... Pode ser a hora, Ka... – Falei nervoso.
- Não é Mit, não tem ninguém aqui, só se...
Olhamos para o lado, onde Cammelo estava, mas não tinha nenhum indício de que ele estivesse causando isso. Estava desacordado e também muito ferido, não poderia causar uma pressão tão grande na minha cabeça.
Alguns flashes mais claros, mais definidos vieram, depois de muito dor e esforço. Via uma pessoa caída no chão, e, um pouco afastada uma outra pessoa. De repente tudo ficava escuro, daí vinham os gritos. Era tão assustador que não parava de tremer e evitava me concentrar. Graças as tentativas, uma sensação dizia que tínhamos algum tempo... Deveríamos agir logo. Sair desse lugar e encontrar ajuda para o Cammelo.
Karina cuidou de nós dois. Eu comecei a respirar melhor, mas ainda sentia as agulhadas de dor de cabeça. Nada podia ser feito além do que ela já estava fazendo... Tinha esperanças de que ele acordasse rápido e contasse o que estava acontecendo com a gente.
Novamente as dores se intensificaram e senti que o que fosse acontecer se encaminhava. Mas não importasse o que viria aquela luz misteriosa seria a solução... Mas para onde teria ido? E da onde veio?
- Ka... – Chamei.
- Oi, pode falar.
- Você viu uma luz muito forte que apareceu por aqui, um tempinho antes de você voltar?
- Eu, sinceramente, não vi nada, Mit. – Ela respondeu – Minha cabeça está uma pilha agora...
- Você foi até que distância? – Perguntei.
- Acho que até a demarcação 16... foi a mais próxima do posto que eu me lembrei.
- Era uma luz muito forte, e estamos entre o ponto 15 e o 16... – Comecei.
Como ela não reparou naquela luz? Aquela enorme e ofuscante luz? Minha sensação era a de que tinha iluminado a cidade toda! Talvez uma lente de satélite teria notado alguma coisa. Mas que diabos eu estou pensando? Por que eu não estou conseguindo me concentrar?
Minha mente estava entrando em colapso, em estado de choque. Se parasse e pensasse na proporção em que minhas decisões chegaram, eu perderia a sanidade facilmente. Entretanto não podia externar isso de forma alguma, tinha que segurar firme até o último minuto, prender os fios soltos, pela minha mãe, pela Karina, pelos amigos e por todos que envolvi nessa confusão. Mas a cada vez que bloqueava a pressão, mais pressão, mais dor eu sentia. E isso acabou incomodando o Cammelo, pois aos poucos ele foi despertando.
Movia de vagar as mãos, enquanto abria vagarosamente os olhos. Neste momento percebi que uma fuligem cobria seu rosto, pois seus olhos se irritaram.
- Ele está acordando – Falou Ka, baixinho.
- Cammelo! Cammelo – Chamei-o aos sussurros.
Ele estava um tanto zonzo e nenhum som parecia alcançar seus tímpanos. O meu walk deu sinal de vida nesse momento.
- Metoo? É o Beto, onde você está?
- Eu estou uma marca antes da Ana – Respondi, após um pequeno esforço de alcançar o aparelho.
- Eu estou saindo do ponto 13... (chiado)... Você está no 16, certo?
- Mais ou menos, tivemos que parar um pouco antes – Respirei fundo. Aparentemente eu havia recuperado o fôlego.
- Como assim, você já deveria estar lá... quanto tempo leva para se teleportar? (chiado).
- É coisa de segundos.
- Então... Vocês estão bem? – Beto perguntou.
- Sim, só estou com dor de cabeça... fiquei um pouco sem ar, mas já estou melhorando.
- Eu também. Estou com dor de cabeça, acho que por causa da Ana, ela não respondeu ao chamado nenhuma vez... já vai fazer uns vinte minutos... ninguém despertou (chiado)... Vou desligar...
- Falou – Eu disse
- Falou – Beto respondeu.
- Mit, ele está voltando a si – Chamou Karina.
Me aproximei dos dois. Cammelo parecia mais lúcido. Começou a passar a mão nos olhos, e levemente a se espreguiçar e ajeitar. Reclamou corporalmente de dores, como do seu braço direito e percebi que seu pulso parecia inchado demais para ser apenas luxação. Ele virou-se meio assustado para a gente. Confuso, tentou se levantar mais não conseguiu, e com muita dor confirmou minha suspeita de pulso quebrado. Tentei acalmá-lo:
- Cammelo, sou eu o Metoo... não se mexe, você está todo machucado.
- Metoo...? – Ele levou sua mão a cabeça. – Metoo... O que você faz aqui?
Karina e eu nos olhamos.
- O que VOCÊ faz aqui? Como veio para esse lugar e por que está todo machucado.
- Como me encontraram? Como...? – Ele falava como se não escutasse nossas perguntas, querendo resolver as próprias dúvidas.
- Não se mexe, não se mexe – Falou Karina, enquanto passava remédio no joelho dele, que por usa vez, empurrou a mão dela.
- Não preciso disso – Falou Cammelo ofegante. – Metoo, preciso te contar uma coisa... É muito importante....
- O que é, Cammelo? Pode contar.
- Eu estive na sua cabeça Metoo, eu estive na cabeça dele... E-eu eu vi muita coisa... eu estive na cabeça de todo mundo... São muitos, Metoo, são... Eu sei o que eles estão planejando... O que eles querem...
Eles... Muitos... Estava muito confuso entender as palavras de Cammelo. Sua ansiedade e nervosismo não o deixavam se concentrar. Vê-lo assim era simplesmente inacreditável. Tentamos acalmá-lo mais uma vez, pedindo para que falasse devagar.
- Metoo, eles podem usar os nosso poderes, eles tem essa capacidade... Meses atrás – Cammelo, pensava. – Meses atrás eu estava saindo da escola, nervoso porque tinha tirado uma nota ruim e a droga da responsabilidade não me permitia usar a mente e sondar as respostas... Eu sempre me dediquei... O fato é que sai nervoso, pensando um monte de coisas idiotas e brincando com a minha mente. Foi quando surgiu uma criatura esfumaçada e escura flutuando na minha frente. No começo eu pensei “caramba que criatura feia eu criei” e depois de alguns minutos tive certeza de que seria meu lado malvado da consciência me dizendo que fui fraco que deveria ter usado os poderes, que não seria nada demais, porque ninguém desconfiaria. Então ele disse “Você estúpido de se rebaixar, vamos juntar nossas mentes e eu te ensinarei a ser mais firme nas suas decisões...”. Eu falei comigo mesmo que nada aconteceria porque se tratava de eu mesmo ali... Mas quando entramos em contato um com o outro eu fiquei apavorado... eu vi que era real e que sua mente era maligna, ele é formado da pura maldade, da inveja... eu acabei ficando preso dentro daquela criatura...
- Respira devagar – Falei pare ele.
-... Tudo bem – Ele disse. - ...Ele usou os meus poderes e meu corpo e começou a matar pessoas como nós... que possuíam algum tipo de dom... Eu juro que tentei me livrar, mas era como se mil vontades me impedissem... Toda vez que ele assumia o controle, sentiam uma sensação de queimação pelo corpo todo, era como se eu tivesse me jogado dentro de um tanque de lava, daí as feridas foram se abrindo...
O corpo todo do Cammelo tremia com as lembranças. Algo tão terrível marcaria a vida dele e das outras vitimas que sobreviveram, para sempre. Eu ficava nervoso a cada palavra, cada detalhe da história e me sentia cada vez mais culpado. Eu tinha que arranjar uma solução e nada vinha na minha cabeça...
- Existem mais dessa coisa por aí, Metoo... Tem que parar com isso agora, ou mais acidentes, mortes e sofrimento vai chegar. Infelizmente você não tem os poderes certos para acabar com tudo isso.
- E quais são os poderes?! – Gritei frustrado, não com ele, mas comigo.
- Mit – Karina tentou me confortar.
- Desculpa amigo, mas eu não sei, acho que não tem nada que eu conheça capaz de acabar ou destruir aquilo.
Não tem nada....?
- O que vamos fazer, meu Deus? O que podemos fazer...? Se não tiver nada, tudo isso foi em vão. As pessoas feridas... tudo... – Disse.
Lembrei de súbito de uma outra coisa. Algo que poderia mudar essa situação.
- Espera um minuto... Cammelo, você sabe quem é Tás, certo? A verdadeira identidade...
- Acho que sim, puxa estou com dor de cabeça...
- Mit, temos que ir atrás da Ana, ela e o Beto podem se machucar... – Falou Karina.
- Só mais um minuto Ka, o Cammelo pode saber quem é o Tás, se ele puder usar sua verdadeira forma ele vai poder ajudar a gente. Ele é um espírito de luz...
- Desculpa Metoo, eu não estou conseguindo me lembrar... – Desabafou Cammelo.
- Ah não! Mas você consegue se lembrar do porque você apagou a memória dele... ou a criatura.. alguma coisa...?
- Vamos mit – Falou Ka. – Ele vai se lembrar. Nós voltaremos pra cá, tudo bem? Descansa mais um pouco.
Karina me olhou bem nos olhos.
- Mit, você está bem? Vai conseguir se teleportar?
- Vou.
Um frio intenso tomou conta do meu estômago. E meus ouvidos ficaram mudos. Logo uma explosão tomou conta de nós dois e nos encontramos no ponto seguinte, a demarcação da Ana, deixando Cammelo para trás.
Lá estava a Ana caída no chão. Olhamos para todos os lados e nem sinal do Beto, o que era muito estranho, ele havia partido de sua demarcação fazia muito tempo. Resolvi me aproximar devagar. Pedi para que Karina ficasse afastada para o caso de ser uma armadilha. O sol já estava se pondo, deixando céu num tom vibrante de laranja com dourado, mais ao sul, porém, via-se a escuridão da noite se aproximando.
A cada passo que dava na direção da Ana minha cabeça doía, e pequenos flashs de memória atingiam minhas têmporas. Meu coração foi acelerando. Estava agora a dez metros de distância. Um arrepio sombrio começou pelos dedos das mãos e foi subindo pelos braços, até atingir minha nuca. A sensação era ruim e tive medo que a Ana estivesse morta. Quanto tempo ela estaria assim estirada no chão. Não queria pensar, mas pensei isso. Lembrei de minha mãe, também estirada no chão. Senti um forte impulso de correr até Ana e tirá-la dali. Se ela estivesse morta, eu nem sei o que faria. Entraria em desespero. O Beto nunca mais falaria comigo.
Mais um passo... Mais um passo...
De repente a Ana se levantou do chão rapidamente e avançou na minha direção. Seus olhos estavam de outra cor e sua expressão e boca indicavam que iria destroçar a minha carne. Meu coração disparou e não consegui me mover, o ar começou a faltar e fui ficando zonzo. Tudo escureceu. Um breu profundo onde eu jamais sonharia em visitar. Mas continuava a escutar a voz que saia da garganta de Ana, uma espécie de grito e rugido, que nenhum animal seria capaz de representar. Sentia que meu corpo balançava e em pouco tempo fui recobrando a consciência. Olhei para cima e vi que Beto estava me apoiando.
- O que é isso? – Escutei sua voz pasmada com o que via diante dele.
- Metoo você está bem?! – Gritou Karina ao meu lado.
Eu me desvencilhei de Beto e sustentei meu corpo sozinho. Ainda estava abalado, mas consegui encarar aquilo. Não era mais a Ana. Sua expressão estava completamente diferente. Pude notar algo extremamente assustador, que no susto não deu. Os olhos dela estavam completamente negros onde deveria estar branco e a íris estava branca, enquanto uma espécie de fumaça saia de suas pálpebras como se os olhos estivessem em chamas. Ela olhou para mim e começou a rir, um riso horroroso e atormentador.
- Finalmente você chegou Metoo...
- Solta ela... por favor – Disse, me segurando. Não sabia se estava nervoso ou ansioso.
- Tantos corpos por aqui... Nem todos são tão resistentes você sabia disso?
- O que você quer? Diz logo... mas solte a Ana... – Eu estava me consumindo.
- É muita falta de educação não esperar as pessoas completarem suas idéias... Tantos corpos... Mas você sabe porque eu escolhi este, não sabe?
O que ele está dizendo? O que isso significa afinal?
- Sabe, sabe sim... Eu escolhi esse corpo... – A criatura continuou.
Eu estava ficando nervoso, tenso e isso deixava meus músculos ainda mais exaustos. O que ele queria, porque estava fazendo isso comigo, isso com a gente?
- É porque... Você ama essa garota.
A afirmação daquela criatura monstruosa me atingiu feito um balde de água gelada. Fiquei abatido e devagar virei a cabeça para trás, para olhar a Karina e o Beto. Justamente os dois, minha namorada e meu melhor amigo. Eu não sabia o que dizer e pensar, e mais! Não sabia o que eles estavam pensando, depois de ouvir isso. Apenas uma lágrima caiu. Minha.
- Vai dizer agora que é mentira?
- Chega! Vamos agora – Falou Karina, tocando em mim e no Beto.
Nos teleportamos e voltamos para onde Cammelo se encontrava descansando. Caí no chão, sentado e descontroladamente comecei a chorar. Chorava como criança pequena. Sem saber o que fazer, sem saber o que dizer. Sem esperança. Não conseguiria ajudar ninguém se o pior já tiver acontecido.
- Mit, eu sei que era mentira – Disse Ka. – Essas coisas mentem, enganam. Como aconteceu com o Cammelo...
- Relaxa cara, o certo agora é pensar em alguma solução.
Eu entendia o que eles queriam dizer, mas simplesmente não conseguia parar. O sofrimento aumentava cada vez mais.
- O que aconteceu? – Perguntou Cammelo, sua voz estava fraca.
- A criatura está dentro do corpo da Ana. – Falou Beto. – Ué? Quem é esse aí?
- Vocês têm que livrá-la rápido dele se não ela vai morrer... – Falou Cammelo, respirando com dificuldades.
- Como a gente vai fazer isso – Perguntei enquanto me recompunha.
- Não é hora de ficar chorando Metoo – Falou a velha e reconfortante voz de Tás.
- Tás é você? – Perguntou Karina.
- Ai meu Deus! Tem um fantasma aqui! – Falou Beto. – Da hora!
Desde quando o Beto podia ver o Tás?
- Pessoal, esse era o rapaz que nós procurávamos. É ele Metoo, quem tem os mesmos poderes que você. Infelizmente os propósitos dessa busca, não permitidos explanar. Mas você vai precisar da ajuda dele Metoo.
O Beto estava do meu lado o tempo todo.
- Hum – Pensou Beto – Isso explica muita coisa... Por exemplo: pouco antes da criatura – que está no corpo da Ana – pular encima de você eu tive uma visão. Achei que você estivesse em perigo. Também senti muita dor de cabeça. Lembro que você sentia muita dor de cabeça antes de sumir e ficar esquisito...
- Mas o que a gente pode fazer. Se os poderes do Beto são iguais aos meus, a única coisa que poderemos fazer é proteger um ao outro e nada mais. Nem a Karina, nem o Cammelo podem fazer algo. Foi tudo inútil.
- Você deveria ter pensado mais antes de agir! Antes de fazer qualquer coisa sem ouvir um guia Metoo. – O tom de Tás era muito sério. – A situação ficou mais difícil porque você envolveu pessoas demais nessa história. Não vamos enfrentar qualquer coisa, vamos enfrentar um espírito ruim, um encosto.
- Encosto? – Perguntou Beto.
- Encosto são aqueles espíritos que sugam a energia de vida da pessoa. Quanto mais eles sugam, mais próxima da morte suas vitimas ficam. Eles sugam tudo o que é de bom da pessoa... Determinação, felicidade, força... tudo o que pode dar esperança para as pessoas, o que as mantém firmes!
- Mas como isso acontece, por que ele faz isso? – Perguntou Karina.
- Esses espíritos, são espíritos que não querem evoluir, são pessoas que tiveram uma morte violenta e não conseguem mais suportar os vivos e seus caminhos, não suportam a felicidade dos outros. Querem cada vez mais que as pessoas, ainda vivas, se sintam desgraçadas, como eles são. Considerem como mefistófeles, um ser que abomina a luz.
Luz? Luz! É isso, só pode ser isso. Aquela imensa luz é a nossa salvação.
- Tás, cerca de meia hora atrás, uma luz muito forte brilhou exatamente neste local. Era confortante e, não sei dizer, imensa...
- Era um espírito de luz, um ser mais evoluído do que nós, uma hierarquia acima dos bons e dos justos.
Um anjo!!!
- Era um anjo... eu vi um anjo – Fiquei pasmado.
- Alguns nos chamam por essa nomenclatura... Mas não se afobe. Ele já não mais se encontra por aqui. Veio por ordens superiores para averiguar a situação.
- Como assim? Significa que ninguém vai nos ajudar – Eu disse. Todos tinham caras assustadas.
- Não é assim. Durante muito tempo, das vezes que por aqui não passava, estava rezando para atingir uma luz suprema. Para saber o que tinha que fazer. Mas antes de conseguir precisava ter certeza do que estávamos enfrentando.
- O que podemos fazer – Perguntou Cammelo.
- Você e eu ficaremos aqui. Quando você puder se lembrar da minha verdadeira identidade, eu finalmente poderei ascender. Mas para isso vai ser necessário iluminar a parte do mefistófeles que está bloqueando a sua mente.
- Nada disso, eu também estarei lá, onde quer que seja esse confronto. – Insistiu Cammelo.
- Vai ser muito perigoso e você está fraco... – Explicou Tás.
- Eu protejo ele – Propôs Beto. – No que for possível.
- Vocês tem que tomar muito cuidado, porque ele poderá se apossar do corpo de qualquer um de vocês, inclusive os mais debilitados. Lembrem de controlar a emoção, pois se estiverem com muita raiva, muito medo ou se estiverem muito tristes, será um passo para dominar qualquer um.
- Certo.
- Tem mais um detalhe Metoo, que eu não poderei fazer, por causa da minha situação atual, vou contar com você... Será muito difícil...
Depois de explicar todas as coisas que faltavam. Nos preparamos para encontrar com o espírito maligno novamente. Seriam momentos de muita tensão. Mas de forma alguma eu poderia desistir, principalmente nesse momento que uma esperança surgiu. Estaria nas minhas mãos acabar com esse sofrimento todo. Cumprir a promessa que fiz para a Karina, tudo isso ia acabaria agora e poderíamos viver em paz, de forma comum.
Como em câmera lenta, observei meus amigos... Beto, Karina e Cammelo... Todos sendo tomados pelo turbilhão de emoções que antecedem os fatos mais importantes. Um turbilhão que se assemelhava com o teleporte da Ka. E mais uma vez eu fui... e mais uma vez nós fomos...
Encarar a Ana sendo manipulada daquele jeito me deixava nervoso. Pensava qual sentimento dela teria aberto portas para uma coisa como aquela. Medo? Tristeza? Não importasse qual eu ficaria com mais culpa. Raiva eu descartei de imediato, ela não tinha motivos para sentir raiva, ela era meiga demais para isso. Afastados ficaram Beto na frente de Cammelo, Karina e do outro lado Tás. Todos olhavam para mim e para o fantoche.
Eu ergui minhas mãos na direção dela, palmas voltadas para o céu.
- Não, isso só pode ser brincadeira – Disse o espírito, seguido de gargalhadas. – Você, Metoo? Faça-me o favor.
Admito que fiquei confuso. Um pouco abalado. Aquela voz era assustadora e debochava de mim.
- Você está com medo? – Perguntei.
Novamente gargalhadas.
- Medo? Você é quem está borrando as calças, moleque.
O espírito partiu para cima de mim. Enquanto isso, Tás gritava comigo.
- Por que está demorando Metoo? Começa logo!
Eu comecei a dar passadas para trás evitando a aproximação do ser. Aqueles olhos me encaravam com uma certa fúria e isso me dava arrepios.
- Um exorcismo não vai adiantar comigo, pivete. É melhor você correr para sua mãezinha, se ela ainda estiver viva... – Disse Ana enquanto ria ferozmente.
- Attraverso questo potere Che mi trovo ora! Aaaaaargh! – Uma luz começou a sair da palma de minhas mãos seguida de dores intensas. Não consegui abafar um grito.
A dor vinha do centro de cada palma, queimando, ardendo minha pele como em brasa escaldante. Meu olho começou a lacrimejar.
- E com le forze di Dio... – A luz e a dor intensificaram-se.
- Não vai adiantar, eu estou falando – Insistiu o espírito do mau.
- Não dê ouvidos a ele Metoo – Gritou Tás – Ele já está se incomodando. Você não pode parar!
- Está doendo, Tás! Está doendo muito! – Falei tentando me segurar.
- Eu expliquei Metoo, você deve continuar... Não deixe que a criatura se aproxime de você. Ou a dor que está sentindo vai triplicar.
- Eu não posso fazer nada Tás? – Escutei Karina perguntando.
- Não pode, aqui ainda posso proteger vocês, se ficarem distantes será impossível, somente o metoo vai poder manter aquela distancia – Foi a resposta de Tás. Depois ele disse algo que não pude ouvir.
Por pouco a Ana não agarra o meu braço.
- ...Invoco su di voi creatura immonda, la prigione eterna nel buio. – Continuei com esforço, gritando para esquecer a dor.
Enquanto tentava me lembrar das outras partes do texto, a criatura em um movimento veloz conseguiu agarrar o meu braço direito. A dor ficou infinitamente pior, meu braço começou a queimar. Eu sentia a pele pegando fogo, eu sentia a carne borbulhando. Comecei a chorar.
- Che ora liberare il corpo innocente che occupa... Aaaaargh! Eu não agüento! – Gritei, enquanto a luz branca irradiava das palmas. Mesmo com o sofrimento percebi a irritação do espírito.
- Continua Metoo! – Gritou Beto – Força, amigo!!! Força!!!
- ...O che detengono per sempre nella sofferenza della carne! – Continuei.
Está doendo!!! Está doendo!!!
Eu olhei para a Karina, que parecia horrorizada. Com olhos mais arregalados, levou a mão à boca. Foi então que senti um liquido quente molhando o comprimento dos meus braços. Eu estava sangrando, e sangrava bastante. A luz forte não permitia a visão, mas o sangue vinha das palmas. Comecei a tremer, a dor era inimaginável.
- Assim é demais! – Disse Karina, correndo em nossa direção.
- Não Karina! Volta para cá!!! – Gritou Tás.
- Você não vai conseguir, seu verme... sabe por quê? Porque eu não sou um eu sou vários!!!! – Disse Ana rindo alto.
Eu me assustei com a declaração do ser horroroso, que apertou a palma ainda mais no meu braço, queimando até os ossos! Juntei as forças restantes e bradei:
- A nome del Padre, Figlio e Spirito Santo!!! – Eu gritei as ultimas palavras tentando suprimir a dor e o choque. E a luz ficou ainda mais ofuscante.
O chão começou a vibrar forte. Karina que parou de correr, tentava se equilibrar. Com um grito assustador, o espírito maligno saiu do corpo de Ana, que despencou violentamente. O espírito novamente revelava sua aparência mórbida e sombria, composto de uma nuvem negra, que por vezes tentava falsear uma forma humana.
Meus braços penderam de desgaste, e meus ossos tremiam no chão, enquanto eu ajoelhava.
- Metoo, ainda não acabou!!! – Gritava Tás – Continue! Rápido!
O espírito se voltou com fúria na direção de Tás e os outros. Seu olhar danaria qualquer ser vivo, de tanto ódio que pairava sobre eles.
- Cammelo, ele percebeu seu plano, Tás – Falou Cammelo ansioso. – Ele vai escapar.
- Metoo! Tem que falar de novo!!! Cite de novo!!!
Eu estava zonzo, tinha perdido muito sangue. Não conseguia organizar mais as idéias. O que eu tinha que dizer? O que eu tinha que fazer, mesmo? Minha visão estava turva, e meu pescoço dançava de um lado para o outro. Avistei de relance a marca de mão queimada no meu braço. Foi quando uma luz forte iluminou minha cabeça, com o plano de Tás, dito alguns minutos atrás
- Metoo, esse exorcismo é muito difícil e poderoso. Somente espíritos podem utilizá-lo porque quando se inicia, uma luz muito forte sai da palma das mãos para limpar a escuridão, revelando as chagas espirituais. Tanto a luz quando as chagas vão arder para sempre se você o fizer, e mesmo assim, não será o suficiente para purificar um mefistófeles. – Tás explicava carinhosamente, tentando assustar o mínimo possível. – Quando o espírito livrar o corpo de Ana, você deve continuar para que a luz desbloqueie a energia ruim que o espírito mantém no corpo de Cammelo. Quando isso acontecer, ele vai poder se lembrar da minha identidade e eu ascenderei. Durante esse processo, minha luz purificará de vez com o espírito maligno e ele poderá continuar sua evolução também...
Faltava mais um pouco, só um pouco... um pouco mais de dor e sofrimento... Por que meus músculos não respondiam? Mas eu ainda podia falar... ainda podia...
- Attraverso questo potere che mi trovo ora, e con le forze di Dio, invoco su di voi creatura immonda, la prigione eterna nel buio. Che ora liberare il corpo innocente che occupa o che detengono per sempre nella sofferenza della carne. A nome del Padre, Figlio e Spirito Santo!
- O quê??!!! – Espantou-se o espírito maligno, enquanto uma pequenina parte de seu corpo de fumaça negra se dissipava.
- Attraverso questo potere che mi trovo ora, e con le forze di Dio, invoco su di voi creatura immonda, la prigione eterna nel buio. Che ora liberare il corpo innocente che occupa o che detengono per sempre nella sofferenza della carne. A nome del Padre, Figlio e Spirito Santo! – Continuei ininterruptamente.
- Lembrei! – Disse cammelo, subitamente. – Seu nome é Leônidas e...
- Attraverso questo potere che mi trovo ora, e con le forze di Dio, invoco su di voi creatura immonda, la prigione eterna nel buio. Che ora liberare il corpo innocente che occupa o che detengono per sempre nella sofferenza della carne. A nome del Padre, Figlio e Spirito Santo!
Minhas mãos, minhas mãos. Chorava desesperadamente, tal a minha dor. O chão começou a tremer mais forte.
- ...E você é o pai do Metoo?! – Cammelo estava perplexo! – Isso mesmo, você é o pai do Metoo!
O chão começou a pular e o céu foi devastado por um circulo de luz, muito forte. O véu espiritual que mantinha as verdadeiras formas de Tás obscuras, se rasgou em mil pedaços, virando uma pequena trilha dourada. Pude ver a cena ao longe. Vi o espírito, nu, elevando-se aos céus de forma gloriosa. Foi aí que percebi quem era, ou nesse caso, quem fora.
Estava em situação deplorável. Caído de joelhos no chão, braços largados do lado e somente o pescoço virado para o lado do fenômeno. Queria correr tanto para lá... para os braços do meu pai...
- Pai – Eu pude sussurrar... querendo muito que ele me escutasse.
- Metoo, continue! Ainda não acabou, sua luz vai empurrá-lo na direção da minha! – Gritou meu pai enquanto era elevado por duas luzes indefinidas.
Olhei desesperado para todos os lados e não pude ver aonde o espírito se encontrava. Quando uma terrível risada soou mais próximo do que eu desejava. Olhei para meu lado, dizendo ‘não’ com a cabeça.
Ele podia usar nossos poderes...
- Você nunca mais vai me ver... – Disse Karina dominada pelo espírito, antes de desaparecer num turbilhão negro com uma gargalhada.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!! – Gritei descontroladamente.
Olhando para o outro lado na esperança da ajuda do meu pai. Já era tarde, o céu estava se fechando e a luz voltando ao normal... Escutei as palavras dele, no coração: “Voltaremos a nos ver, filho...”.
Era ele, era ele o tempo todo, do meu lado. Aqui bem perto de mim. E agora já não está mais. Droga! A Karina foi levada...
Uma amargura profunda tomou conta de mim, um frio sobrenatural capaz de congelar o inferno invadiu cada veia do meu corpo. Estava em estado de choque, abandonado... meu pai era um espírito, estava morto... estava morto, todo aquele tempo, todo esse tempo... Mas se ele está morto, onde está o meu irmão, Rafael?
FIM DA SEGUNDA TEMPORADA.
CONTINUA...
4 comentários:
UAU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
INCRIVEL, VOCÊ NÃO TEM IDÉIA DE COMO EU VI ISSO....
incrivelmente
eu nao consigo acreditar
é algo super
anatural
incrivel
como se fosse algo novo
é entusiasmante
realista
é tudo
eu to sem palavras
Caramba!!!
Que legal que você gostou! Espero que todos que leiam esse episódio possam sentir o mesmo que você.
Esse foi um episódio difícil de escrever, por ser o ultimo da temporada a pressão foi bem maior.
Valeu. Até a próxima temp.
puts, incrivel maninho!!!!
to tremendo ate agora de tanta emoção!!
muito bom esse post!!!
q nem o Gammelo falou... "eu to sem palavras".
parabens!
Tudo bom Alef?
Gostou então do último capítulo do Metoo, então muito provavelmente você vai gostar da terceira temporada. Ta chegando, rsrsr.
Abraços.
Postar um comentário